"Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo".
José Ortega y Gasset

terça-feira, 28 de junho de 2016

Vem aí o XXIX Simpósio Nacional de História


CRONOGRAMA


15/08/2016: Data prevista para inauguração do site do SNH 2017.

14/10/2016: encerramento do prazo para inscrição de propostas de Minicursos e Simpósios Temáticos. Os Simpósios Temáticos podem ter até dois coordenadores, mas somente um será financiado pela ANPUH;

16/11/2016: divulgação do resultado das avaliações das propostas de Simpósios Temáticos e Minicursos; 

06/03/2017: prazo final para inscrição de apresentação de trabalhos nos Simpósios Temáticos; 

07/03/2017 a 07/04/2017: avaliação das propostas para apresentação nos Simpósios Temáticos; 

11/04/2017: divulgação do resultado das avaliações dos trabalhos a serem apresentados nos Simpósios Temáticos; 

14/07/2017: prazo final para inscrição nos Minicursos.
Fonte: E-mail recebido da Comissão Organizadora do XXIX Simpósio Nacional de História

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Livros História Ambiental - RCC

O Futuro da História Ambiental



Novas Histórias Ambientais da América Latina e do Caribe

Os Limites da História Ambiental: uma homenagem a Jane Carruthers


quarta-feira, 15 de junho de 2016

Inscrições 4º Simpósio Internacional de História Ambiental e Migrações

O Programa de Pós-Graduação em História e o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, através do Grupo de Pesquisa Laboratório de Imigração, Migração e História Ambiental (LABIMHA), têm o prazer de convidar colegas pesquisadores para submeterem propostas de trabalho para o 4° Simpósio Internacional de História Ambiental e Migrações. O Simpósio acontecerá em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, de 12 a 14 de setembro de 2016. O local do evento será a Universidade Federal de Santa Catarina. 
Neste 4° Simpósio serão tratadas várias temáticas de História Ambiental e Migrações, contemplando diferentes períodos e regiões do globo. Como uma das características da História Ambiental, o Simpósio está aberto a pesquisadores de todas as áreas do conhecimento. A língua oficial do evento é o português, mas trabalhos em espanhol e inglês serão aceitos também. As propostas devem ser submetidas através do nosso sistema online.

Inscrição de apresentadores de trabalhos - até 10/07/2016

SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
1. Migrações: flora, fauna e humanos em movimento
Resumo: As migrações humanas tiveram implicações ecológicas desde épocas remotas, notadamente no que concerne à biota nos ambientes hospedeiros. Com a expansão ultramarina e a colonização do Novo Mundo, as trocas comerciais e tecnológicas entre nativos e adventícios favoreceram o deslocamento de animais e vegetais, principalmente de espécies domesticadas em épocas anteriores. Algumas dessas migrações resultaram em invasão biológica no ambiente hospedeiro, inclusive com profundas alterações na biodiversidade. Estas alterações geram preocupações entre os pesquisadores fazendo com que acha uma valorização cada vez mais crescente na preservação e expansão de plantas nativas. Serão bem-vindos trabalhos que contemplem migrações e suas implicações ecológicas, introdução (in)voluntária de animais e plantas em novos biomas, a invasão biológica de espécies animais e vegetais e sua relação com a biodiversidade, assim como trabalhos sobre a importância e uso de plantas e animais nativos.

2. Agricultura, pecuária e impactos ambientais
Resumo: Alguns modos de agricultura e pecuária têm causado enormes impactos ambientais. No Brasil, o cultivo de commodities como a cana-de-açúcar e o café, assim como a criação extensiva de gado vacum ou a criação intensiva de suínos, causa(ra)m sérias transformações em diversos biomas. Desde a segunda metade do século XX, o avanço das migrações para o interior do país e a conversão de outros cultivos em commodities, como a soja e o milho, coincidiram com intensas mudanças socioambientais na hinterlândia brasileira. A partir da década de 1970, com a Revolução Verde, apareceram novas dinâmicas no cenário agropecuário, que causaram outros e inéditos impactos ambientais, como a eutrofização de rios e fontes de água por adubos químicos, a poluição, o envenenamento de agricultores e animais por agrotóxicos e, atualmente, os riscos ainda pouco elucidados das plantas transgênicas. Nesse sentido, o presente simpósio temático tem o objetivo de reunir trabalhos que tratam das relações entre agricultura, pecuária e seus impactos ambientais (no Brasil ou alhures), preferencialmente em contextos de migração.

3. Meio Ambiente, Alimentação e Saúde
Resumo: O processo de produção e consumo de alimentos possui sua historicidade. O que se consome e a maneira como se consome abre uma janela para a reflexão histórica sobre os valores e as sociedades, sejam estas a nossa ou de distantes temporalidades. Além de ser um ato pessoal e cotidiano, a alimentação é também um ato social, cultural, político e, sobretudo nos tempos atuais, ecológico. Assim como a alimentação, as doenças, bem como as práticas de saúde, marcam as relações que as sociedades têm com o meio ambiente. Serão acolhidos trabalhos que discutam as relações que a Saúde e a Alimentação possuem com o mundo natural.

4. Águas: usos e representações
Resumo: O controle das águas pode ser considerado como parte de um processo de domesticação da natureza e cujos primórdios remontam às primeiras civilizações. Os diversos usos e representações das águas dependem de cada relação entre sociedade e ambiente. No campo historiográfico, muitas análises recorrem ainda a uma visão utilitarista dos “recursos hídricos”. Porém, alguns trabalhos têm destacado aspectos comerciais e culturais relacionados aos rios, lagos e mares que demonstram formas distintas de usos e representações das águas. Mas é ainda pouca a atenção dada à dimensão ambiental dos usos e representações das águas (marinhas, lacustres, fluviais, fontes minerais, etc.) Este simpósio temático visa tratar das várias formas de usos e representações das águas em diferentes espaços (ribeirinhos, fluviais, lacustres ou marítimos) e épocas.

5. Discursos, ideias e percepções sobre o meio ambiente
Resumo: Além das mudanças econômicas, políticas e culturais que têm implicações na relação entre sociedade e meio ambiente, a História Ambiental tem ampliado o conhecimento dos discursos, ideias e percepções sobre o meio ambiente ao longo dos séculos. Este simpósio temático visa acolher trabalhos que tratam destas elaborações discursivas sobre a natureza ou sobre as mudanças ambientais, especialmente aquelas provocadas pela ação humana, direta ou indiretamente. O debate sobre a influência de concepções religiosas ou científicas e de interesses políticos e/ou econômicos dos discursos elaborados por diferentes atores, bem como as críticas ou defesas elaboradas por eles sobre a relação entre sociedade e meio ambiente, permitem uma melhor compreensão das matrizes históricas dos discursos ambientalistas da atualidade.

6. Ambiente e saberes de comunidades tradicionais
Resumo: A interação das comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, pescadores...) com o meio ambiente tem suas particularidades. Seu modo de vida e seus saberes (fitoterápicos, etc.) acusam uma longa duração de convivência com outros elementos (plantas, montanhas ou vales, rios, etc.). A criação de unidades de conservação (parques, reservas, estações, refúgios ou áreas de proteção) nem sempre respeita e valoriza as práticas socioculturais destas comunidades. O simpósio temático visa debater estudos sobre a história de comunidades tradicionais, especialmente sua interação com o ambiente e as relações estabelecidas com outros grupos étnicos, como colonos e migrantes. Visa também discutir, em uma perspectiva histórica, o lugar das comunidades tradicionais nos projetos de criação de novas unidades de conservação ambiental, na manutenção e gestão das unidades existentes e em experiências de uso sustentável e compartilhado dos recursos naturais. Inclui pesquisas que abordam migrações motivadas pela instalação de unidades de conservação, por conflitos dela decorrentes ou por políticas públicas voltadas à proteção ambiental.

7. Desastres Ambientais e Políticas Públicas
Resumo: Em função da crescente ocupação territorial, falta de planejamento urbano, desmatamentos em grande escala, associado a alterações climáticas instáveis, está se tornando cada vez mais comum a ocorrência de desastres ambientais. É notável que o ser humano, no passar dos séculos, vem alterando de forma drástica o meio ambiente e se tornou um catalisador de tais eventos. A partir do final do século XIX, desenvolveram-se políticas públicas para prevenir e ou remediar situações calamitosas causadas às populações por esses desastres ambientais, todavia os seus resultados nem sempre são efetivos e atendem as populações atingidas. Estudar os desastres é uma forma de auxiliar na compreensão de suas causas e as principais consequências que trazem para as comunidades afetadas direta e indiretamente. Este simpósio pretende reunir trabalhos que enfoquem suas pesquisas nos desastres ambientais como inundações, enchentes, deslizamentos, secas, entre outros, como também as políticas públicas que foram e estão sendo colocadas em práticas frente a tais problemas.

8. Arte e Natureza
Resumo: Este ST se propõe a discutir trabalhos que analisem fontes pictóricas, fotográficas e cinematográficas, que em seu conteúdo apresentam a relação  estabelecida pelo homem com o meio ambiente, com ênfase nas alterações promovidas por indivíduos e/ou grupos no processo de ocupação de espaços.

Entre no site do evento aqui.

Fonte: LABIMHA

segunda-feira, 13 de junho de 2016

CARTA DE CHAPECÓ

CARTA DE CHAPECÓ
Historiadores e historiadoras pela democracia

A Associação Nacional de História, Seção de Santa Catarina, ANPUH-SC, reunida em Assembleia Geral, no dia 09/06/2016, durante o XVI Encontro Estadual de História, na Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS, cidade de Chapecó, aprovou por unanimidade e divulga a seguinte carta:
Diante dos acontecimentos dos últimos meses, a Associação Nacional de História, Seção de Santa Catarina (ANPUH-SC) vem a público manifestar a profunda indignação e preocupação com os rumos da democracia no Brasil.
Os eventos que culminaram com o afastamento da Presidência da República de Dilma Rousseff, legitimamente eleita no pleito de 2014, configuram claramente um ataque a ordem democrática vigente no país.
Os interesses de grandes grupos econômicos e midiáticos, articulados por setores da política brasileira evidenciaram, nos últimos dias, as verdadeiras intenções de burlar as regras construídas e acordadas pela sociedade brasileira no período pós Ditadura Militar.
A incapacidade de produzir um projeto que possa unir a maioria simples dos cidadãos e cidadãs do país levou esses grupos, apoiados por setores da mídia, do judiciário e do parlamento, arquitetar e manobrar para desestabilizar e colocar em risco a maioria dos avanços alcançados nas últimas décadas.
Além disso, nos preocupa o avanço do conservadorismo, propagado por um conjunto de instituições políticas, religiosas e econômicas. Essas sistematicamente estão atacando os direitos das minorias através de propostas de leis e ações de intolerância étnica, religiosa, de gênero e política. Ferindo o princípio básico de uma sociedade democrática na qual deve prevalecer a liberdade de escolha e de expressão dos indivíduos.
Destacamos especialmente a ação do Movimento Escola Sem Partido que vem propondo, através do PL 867/2015, uma política de intolerância a determinados temas de várias áreas do conhecimento e metodologias de interpretação e escrita da História nas escolas, na tentativa de criar bases para um aparelho de vigilância e punição de professores e professoras que não cumpram determinadas diretrizes políticas.
Essas propostas lembram os mais duros regimes ditatoriais da História com a prática de retirada de livros das bibliotecas, criação de lista de autores censurados, vigilância de professores e professoras em sala de aula e criminalização de formas de trabalho docente.
Práticas que violam a autonomia e a liberdade de expressão, principio básico da pluralidade de ideias e do respeito às diversidades estabelecidos pela Constituição de 1988 e pela LDB.
Manifestamos também a profunda indignação com a redução de verbas para a educação brasileira, que atinge diretamente a manutenção e ampliação do ensino público em todos os níveis, políticas de permanência de estudantes, os programas de bolsas e financiamento estudantil.
Apoiamos os professores, professoras e estudantes da educação básica e superior que estão promovendo ocupações de escolas e universidades em um movimento de resistência a atual política de precarização, sucateamento e desmonte da educação, da cultura e da ciência.
Esses movimentos procuram sensibilizar a sociedade brasileira para resistência aos inaceitáveis tempos de ilegalidade e arbitrariedade que presenciamos.
Apoiamos também os movimentos campesinos em sua luta pela democratização da terra.

Chapecó 09 de junho de 2016.
 ANPUH-SC
GT de Ensino de História e Educação
GT Gênero
GT Patrimônio Cultural,
GT de História Ambiental
GT História Antiga e Medieval
GT História da Infância e Juventude,
GT História e Arte
GT Mundo do Trabalho

Fonte: http://www.sc.anpuh.org/informativo/view?ID_INFORMATIVO=5757

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Mesa redonda "Educação Ambiental: contribuição para a formação da cidadania" na FURB

Compondo a programação do Junho Verde de Blumenau. Ocorrerá no dia 16 de junho  às 19 horas no Auditório do Bloco J (Campus 1 FURB) a Mesa de Debate "Educação Ambiental: contribuição para a formação da cidadania", com participação de Yára Pereira (Univali), Daniela Tomio (FURB), e Elias de Mello (FURB). Maiores informações clique aqui.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Hino do Centenário de Blumenau e História Ambiental

Ano passado foi publicado no blog do cientista social e historiador Adalberto Day notícia sobre o Hino de Blumenau feito para o festejo do centenário da cidade. A música é uma composição de Aldo Krieger e a letra de Eduardo Mário Tavares. Sendo composta de três estrofes e um estribilho, a letra da música tem como influência as representações do cenário do desenvolvimento de Blumenau frente a natureza. É uma fonte para estudos da História Ambiental de Blumenau entre outros temas.

Clique para ampliar
Tendo em vista  a primeira estrofe, vemos na letra significados sobre como era o território da colônia, visto inicialmente como um lugar de passagem, com terras férteis e sem dono, e que nela viviam nativos, rudes e selvagens. Se viajarmos e imaginarmos como era o cenário, se olhássemos de cima pra baixo seria uma imensidão de Mata Atlântica, multicolor, composto pelas copas das árvores, com espaços cortados pelos rios, ribeirões, e relevo das morrarias da serra do Itajaí. Nesse território, em diversos nichos, viviam os nativos que eram vistos pelos colonos como um empecilho para o modo de vida "civilizador", bem representado na letra pelo significado dos termos usados: brava, rudes e selvagens. Mas o colono com o seu machado derrubou a selva e abriu clareiras, produzindo um espaço para surgir às margens do rio a colônia Blumenau. E olhando em uma perspectiva de tempo, a cultura que chegava com o colono recebia o mérito do progresso, sem levar em consideração o progresso do nativo de conviver, no que foi chamado de primitivo pelo modo de vida e mentalidade do europeu que aqui chegava e desbravava. O nativo no mundão de floresta estabeleceu em mais de 1000 anos uma relação, interação e interdependência muito mais simétrica no ambiente, do que os cem anos da colonização e criação de cidade de Blumenau fizeram na paisagem. 

Texto de Martin Stabel Garrote 

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Pesquisadores divulgam estudo de Doutor Pedrinho na revista Cadernos de Agroecologia

A relação tecnologia e meio ambiente, e os impactos ambientais pela rizicultura foi analisada no município de
Doutor Pedrinho-SC. O propósito da pesquisa foi explicar o papel que a tecnologia desempenha no agravamento dos problemas ambientais da região. A metodologia de pesquisa foi composta por três etapas: levantamento de dados primários, realização de entrevistas semiestruturadas, e observação sistemática e participante no contexto da rizicultura. O processo de desenvolvimento da rizicultura está dividido em três padrões de acordo com a inserção de novas tecnologias no cultivo. O primeiro corresponde do inicio do cultivo em meados da década de 1920 até meados da década de 1950. Na década de 1960 a introdução dos tratores e a intensificação da participação da extensão rural marcam o início do segundo padrão que se estende até meados da década de 1980. A intensificação do uso de agroquímicos, sementes selecionadas e de equipamentos agrícolas próprios para o cultivo de arroz a partir da década de 1990 marcam o terceiro padrão de desenvolvimento e segue até os dias de hoje. Ao longo da história percebeu-se uma visão de natureza como elemento distante das relações sociais, legitimando a adoção de inovações tecnológicas e colocando a natureza a serviço das necessidades humanas. Tal visão levou a ampliação dos impactos ambientais proporcionalmente à modernização do sistema produtivo. Acesse o trabalho na revista clicando aqui

domingo, 5 de junho de 2016

Dia do Meio Ambiente e 12 anos de Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí na FURB

O Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí comemora seus 12 anos de criação no mesmo dia que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Essa história é contada na entrevista cedida à equipe do GPHAVI pelo pesquisador Martin Stabel Garrote (MSG), um dos fundadores do grupo:

-GPHAVI: Martin, gostaríamos que você contasse um pouco da história do grupo de História Ambiental, sobre suas atividades, participantes. Como começou essa história?
-MSG: Olá. Veja só. Essa história do grupo começa quando entrei na graduação de História na FURB, em janeiro de 2002. Na época o curso tinha duas habilitações. Primeiro você fazia a Licenciatura e depois o Bacharelado. Desde o início do curso os professores falavam do TCC, do tema, como escolher o assunto, e as correntes teóricas para analisar um determinado problema. Eu não sou de Blumenau, e não tinha tema formado ainda. Mas gostava muito dos temas relativos a Educação Ambiental, e da Problemática Ambiental. Aqui na Universidade diversos temas já haviam sido trabalhados, como as enchentes, enxurradas,  gênero, mundo do trabalho, associativismo, história da educação e etc. Eu estava buscando então um novo tema, ou uma nova abordagem. E reparei que entre os colegas e professores da História, a questão ou problemática ambiental, do que os humanos causam no meio não era um tema estudado, havia esse vazio. Logo no início do curso me casei com Vanessa (o grande amor de minha vida), estudante de  biologia, passamos a compartilhar assuntos na área. Um desses assuntos era a História Natural, isso em 2002. Mas o Historiador não tem formação para pesquisar História Natural, não é de sua alçada. Da História Natural se derivou as Ciências Naturais, como o que ocorreu aqui na FURB. Pois bem. com esse incomodo iniciei a procurar então na História, algo que se aproximasse. Na biblioteca não achei nada relativo ao que estava pensando, a não ser o livro A Ferro e Fogo, de Waren Dean (o único livro que citava a História Ambiental por um historiador,  no acervo da época da BC - o livro já era trabalhado nas Ciências Biológicas, e Vanessa o conhecia), bingo. Nessa época havia a internet, mas poucos bancos de pesquisas. O forte era o cade?, a Google estava chegando, ganhando confiança, e ali procurei também, e encontrei o termo eco-história, em espanhol historia ecológica, e em inglês environmental history, e achei Donald Worster, o que me possibilitou encontrar seu artigo publicado em 1991 traduzido para português, e que havia sido postado na internet. Achei o que procurava, agora faltava o que pesquisar aqui em Blumenau, pois me encantava pela história local. E comecei a aprofundar essa pesquisa. Ao mesmo tempo, amante da natureza, gostava muito de ir tomar banho de rio, e já em 2003 conheci a região da Nova Rússia, no Sul de Blumenau com olhos de historiador (ando). Tendo um pouco da leitura de Dean, Worster e Drummond, olhei o vale e a ocupação e fiquei interessado de fazer o que Dean fez para a Mata Atlântica, mas num recorte menor, pegando essa comunidade histórica incrustada na floresta, e no entorno de uma Unidade de Conservação. Elaborei um projeto e como estudante procurei meus professores para submeter o projeto no PIBIC CNPq. Imagina, naquela época, um aluno fazer o projeto  e captar recurso! Nem hoje isso acontece! Pois bem, no curso de História haviam apenas dois doutores que me poderiam auxiliar, a professora Bia, e o professor substituto Marlon. Nessa época apenas os doutores poderiam submeter IC, e estes tinham que ser do quadro, fato que descartou o professor Marlon. E a professora Bia, mesmo gostando da ideia estava com muitos projetos em andamento, e não poderia ter mais um.  Foi nesse momento, durante as aulas de Geografia Física, estudando o livro de John Perlin, História das Floresta, que conheci o professor Gilberto (doutor em Geografia), que não era professor de história, e sim de geografia, e com esse livro apresentava algo muito próximo a proposta da História Ambiental, que na geografia pode ser encarado como Geografia Histórica ou Geo-História. Perguntei a ele se ele conhecia a História Ambiental, mas disse que não sabia do termo, só conhecia o livro de Perlin, que se associava ao que eu estava argumentando. Em um dos trabalhos da disciplina, na elaboração de um painel, caprichei, e fiz nos moldes científicos, como um banner de evento, me destacando. E posteriormente a avaliação de sucesso, apresentei a proposta da Iniciação Científica ao professor. Gilberto aceitou e disse que toparia, mas eu deveria correr e fazer a documentação, os tramites burocráticos, que ele assinava o formulário. Pois bem, fui me informar e enormes desafios surgiam. O primeiro deles é que o CNPq passou a exigir que os pesquisadores tivessem os projetos vinculados a grupos de pesquisa. Gilberto me passou seus dados de acesso a plataforma e através do site deles, entrei e criei a primeira versão do grupo: História Ambiental da Mata Atlântica do Vale do Itajaí no Século XX. O projeto foi submetido e algum tempo depois veia notícia que ele havia sido reprovado. Putz! Mas o mesmo projeto havia sido recomentado para o PIPe, outro programa de IC. E em 2004 foi iniciada a pesquisa, até que em junho, é criado o Parque Nacional da Serra do Itajaí, o que estimulou a ampliação da pesquisa. E como o parque integrava o coração do Vale do Itajaí, mudamos o nome do grupo, sendo criado o Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí. O seu  primeiro registro, nome, no portal de grupo do CNPq, fiz na madrugada do dia 4 para o 5, já era sábado foi terminar. Coincidiu de ser no mesmo dia que se comemora o dia do meio ambiente. Que sorte né? Outro fato é que em 2005 quando era coordenador do CAHClio Centro Acadêmico de História, organizamos a Semana Acadêmica "Ofícios do Historiador" e tivemos a presença de Jó, que me informou do LABIMHA e me deu um bom impulso nos estudos dentro da História Ambiental. Me formei em 2005, e essa primeira pesquisa de IC, e a criação do PNSI motivaram a criação do grupo.
-GPHAVI: Depois de formado, como você participou do grupo. Você ingressou como professor na FURB?
-MSG: Não, só entrei como professor em 2012, como substituto. E foi no departamento de Ciências Sociais. Eu participei  e participo como voluntário, pesquisador colaborador. Entre 2005 e 2006 o GPHAVI era apenas um grupo de registro no CNPQ, não fazíamos reuniões, não tínhamos um espaço, não atuei na FURB, peguei aulas na rede pública, município, e comecei uma pós-graduação em História Social na ISULPAR através do CEUNI Blumenau, e resolvi aprofundar a pesquisa no parque, tendo o orientador o professor Gilberto. Isso fez agente se unir, fizemos churrascos, tomamos cervejas, papeamos e começamos a pensar nas possibilidades de desenvolver o grupo na universidade, aproveitando o edital Universal lançado pela FAPESC.  Obtivemos exito, desenvolvemos uma pesquisa e conseguimos comprar equipamentos, computador, gravador, impressora, fone de ouvido. Os recursos chegaram em 2007 e a pesquisa terminou em 2009. Como precisávamos de um espaço o professor Gilberto conseguiu alocar o início de nosso laboratório dentro da sala do Departamento de História e Geografia. Aí vieram as pesquisas de Iniciação Científica, comecei a escrever os projetos e encaminha-los pelo Gilberto, para concorrer aos programas de IC. Nesse momento, tinha 4o horas na rede em aulas, e quando tinha o dia de janela, de planejamento, ia para a FURB.. No meu pensamento, com a criação do parque, a Nova Rússia era umas das 32 comunidades de entorno que apontavam os mapas do Pano de Manejo do PNSI, e a ideia era pesquisar todas e construir uma História Ambiental do Parque Nacional da Serra do Itajaí. Em 2007 tínhamos a pesquisa FAPESC em andamento e conseguimos um PIPe. Selecionamos com entrevista uma bolsista e demos início nas pesquisas na Nova Rússia e Faxinal do Bepe, Indaial. Neste ano enviamos mais um projeto para o FAPESC - PMUC, que foi contemplado, analisando Guabiruba, e tivemos 2 pesquisas do PIBIC-CNPq aprovadas, analisando Botuverá, o que garantiam recursos para a logística da pesquisa. Com isso estávamos em 4 bolsistas e o Gilberto, ocupando o espaço do dep, que mal cabiam os professores. Quando eles chegavam, abarrotava a coisa, e começou a gerar algumas questões que, de certa forma, favorecem politicamente com a direção do centro, no futuro, a criação de um espaço. Além disso, eu estava mestrando no PPGDR, e havia uma sala de estudos que mal era usada pelos mestrandos, e como eu era bolsista capes, passei a usa-la diariamente. Em conversas com o professor Ivo em 2009, o laboratório foi para a sala R-310, onde hoje é a secretaria do programa. Era um quadradinho. E ali os bolsistas tinham um espaço com computador e internet. A partir de 2008 eu escrevia 2 PIBICs e 3 PIPes por ano, isso foi até 2013, quando Gilberto começou também passou a redigir conteúdos para os projetos de pesquisas nas IC, e importar algumas atividades do ab que participa na Arquitetura. Algumas ideias reescrevemos, outras renovamos e assim por diante. As ideias surgem do acumulo do conhecimento e do que interessava a nós três, eu, Vanessa e Gilberto (História, Biologia, Geografia). Como me dedicava mais, acabava escrevendo mais, e escrevia projetos para organizar meu estudo de doutorado, que faço agora. A pesquisa do parque avançou, estudamos, Apiúna, Vidal Ramos, e Nereu Ramos, conseguimos dar a volta no parque com iniciações científicas. Diversos bolsistas vieram para contribuir. Bolsistas da história, ciências sociais, engenharias, administração, biomedicina etc. Até que em 2010, com conversas e apelos, o diretor do Centro, na época o Clovis, habilitou uma sala de aula do bloco R para serem criados espaços para grupos de pesquisa. O curso de Serviço Social que tinha seus laboratórios dentro do dep deles também precisavam de espaço. E então fizemos a mudança da sala do programa para a  sala que hoje é o CCHC. Ficamos ali de 2010 até que em 2012 ocorrem reformas no centro e a mudança do espaço dos grupos para a R-109, reformas que possibilitaram o espaço que hoje está aqui no laboratório. Depois conseguimos mais um FAPESC, que possibilitou uma super ampliação no nosso espaço, e laboratório. Hoje o grupo possui as Iniciações Científicas, estamos com 1 PIPe, 1 PIBIC, e além disso temos 2 pesquisas vinculadas com doutorandos no PPGDR, eu sou um deles. Já fizemos IC de Ensino Médio, e projetos em parceria com ONGs e Institutos. Hoje também participamos de um projeto especial da universidade, participando do Plano de Manejo do Parque Municipal Freymund Germer em Timbó. Também, fizemos pesquisas em Campo Alegre, Morretes, Camboriú, no Canal do Linguado, Doutor Pedrinho. O laboratório ou GPHAVI surgiu assim, com muita batalha voluntária, buscando apoio aqui, outro lá. caçando editais para recursos, com o trabalho dos bolsistas, essa é um pouco da história. No blog tem um histórico que foi escrito um dia, não lembro bem dele, mas se pesquisarem vão achar. Bem, hoje é o aniversário do grupo, e ele existe por um grande empenho e esforço voluntario, e não seria possível estarmos aqui sem esse apoio da pesquisadora Vanessa, que junto comigo, voluntaria desde 2004. E do auxílio e parceria com o professor Gilberto, que possibilitou essa história aqui na FURB, inicialmente ele ficava distante, mas aos poucos foi participando. Hoje o GPHAVI participa como grupo no PPGDR, e temos a linha de pesquisa História Ambiental e Desenvolvimento Regional. O grupo e a História Ambiental aqui na FURB vejo como área consolidada e o laboratório é reconhecimento institucionalmente.
-GPHAVI: O que o professor pensa sobre o futuro do grupo no contexto atual?
-MSG: Bem, viviamos um acréscimo gradual de recursos na pesquisa. A política nacional mudou, e os interesses dos investimentos vão diminuir na pesquisa básica, principalmente nas Ciências Humanas. No último edital da FAPESC isso já ficou evidente, não havia nenhum projeto de História, por exemplo, era um edital universal para o sistema ACAFE. Vejo a corrupção em muitos níveis crescendo, fato que dificulta o bom desenvolvimento. Mas o maior problema, pensando localmente e globalmente, é a consciência coletiva, a sofisticação do modo de vida engrenada pela sofisticação do consumo de massa, e essa mentalidade que gera uma cultura. O estudante chega aqui envolvido nisso, e não consegue refletir temas e problemas de pesquisa que discutam a realidade e proporcionem a sociedade novo pensamentos sobre os fatos. Da mesma forma, o que escrevemos aqui não é lido pelas massas. É uma pena, que desde quando tudo isso começou, o grupo e tal, e ainda hoje, depois de vivermos todos esses problemas socioambientais, civilizatórios, os problemas de pesquisa não norteiem para campos de análise como os propostos pela História Ambiental. Por que o estudante de História não se interessa pela história local? Por que não agrega os fatores que evidenciam nossa crise civilizatória em seus estudos? Por que você faz um curso na Universidade? Para que serve a Universidade no nosso contexto civilizatório? Vejo a História Ambiental uma área muito relevante para o que a ciência deve fornecer para a  melhoria da vida humana.  Eu fico torcendo para que apareça um estudante na graduação de história, ou na de geografia, ou de outra área, não há diferença, mas que venha com uma proposta crítica, e tenha proatividade e voluntariado de desenvolver a pesquisa e o grupo. Eu e Vanessa estamos ficando velhos e sem poder voluntariar tantas horas, são 12 anos vindo para a FURB, lendo, escrevendo e orientando. Fazemos isso porque gostamos de fazer isso, de conhecer a História Ambiental Local, e  Gilberto também. Tendo isso em vista, e olhando para o laboratório, hoje e para o futuro, espero que os alunos se interessem mais pelas pesquisas, pelos seus assuntos, e que fiquem apaixonados, e não ter o pensamento do recurso da bolsa como um pretexto. O estudante deve refletir sobre o seu modo de vida, sobre suas ações e diminuir a hipocrisia entre a narrativa e ação, esse é o desafio de nós todos aqui na humanas. E que outros professores se interessem pela área e venham participar, venham proporcionar um espaço de produção de conhecimento crítico e de certa forma prático para a vida humana. No GPHAVI já tentamos muitas coisas, muita coisa boa e ruim já aconteceu, vale até um artigo. Mas fica para outro momento. Agradeço vocês e espero ter ajudado com o histórico, até. 
-GPHAVI: Agradecemos a participação do professor, e parabéns GPHAVI.
(Entrevista concedida em 05/06/2016)