Ano passado foi publicado no blog do cientista social e historiador Adalberto Day notícia sobre o Hino de Blumenau feito para o festejo do centenário da cidade. A música é uma composição de Aldo Krieger e a letra de Eduardo Mário Tavares. Sendo composta de três estrofes e um estribilho, a letra da música tem como influência as representações do cenário do desenvolvimento de Blumenau frente a natureza. É uma fonte para estudos da História Ambiental de Blumenau entre outros temas.
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Tendo em vista a primeira estrofe, vemos na letra significados sobre como era o território da colônia, visto inicialmente como um lugar de passagem, com terras férteis e sem dono, e que nela viviam nativos, rudes e selvagens. Se viajarmos e imaginarmos como era o cenário, se olhássemos de cima pra baixo seria uma imensidão de Mata Atlântica, multicolor, composto pelas copas das árvores, com espaços cortados pelos rios, ribeirões, e relevo das morrarias da serra do Itajaí. Nesse território, em diversos nichos, viviam os nativos que eram vistos pelos colonos como um empecilho para o modo de vida "civilizador", bem representado na letra pelo significado dos termos usados: brava, rudes e selvagens. Mas o colono com o seu machado derrubou a selva e abriu clareiras, produzindo um espaço para surgir às margens do rio a colônia Blumenau. E olhando em uma perspectiva de tempo, a cultura que chegava com o colono recebia o mérito do progresso, sem levar em consideração o progresso do nativo de conviver, no que foi chamado de primitivo pelo modo de vida e mentalidade do europeu que aqui chegava e desbravava. O nativo no mundão de floresta estabeleceu em mais de 1000 anos uma relação, interação e interdependência muito mais simétrica no ambiente, do que os cem anos da colonização e criação de cidade de Blumenau fizeram na paisagem.
Texto de Martin Stabel Garrote
Texto de Martin Stabel Garrote
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