O Grupo de Pesquisa em História Ambiental do Vale do Itajaí (GPHAVI) iniciou suas pesquisas em 2004, com foco no Parque Natural Municipal Nascentes do Garcia, uma Unidade de Proteção Integral municipal de Blumenau, Santa Catarina. A partir da História Oral, foram coletados relatos sobre a história local, com destaque para a memória coletiva dos antigos moradores da Nova Rússia, pequena comunidade de descendentes prussianos morando no alto vale do rio Garcia.
Os relatos dos moradores da Nova Rússia impressionaram os pesquisadores do GPHAVI, revelando uma rica história ambiental da região. Através da memória dos mais velhos, foi possível entender como era a vida no passado, na época da colonização de Blumenau, e como a criação do Parque Nacional da Serra do Itajaí impactou a região.
A pesquisa revelou que, antes da colonização, a Nova Rússia era uma área de floresta nativa. Com a chegada dos colonos, a floresta foi gradativamente desmatada para dar lugar a atividades agrícolas e pastoris. No entanto, a floresta sempre esteve presente na vida dos moradores da Nova Rússia, que a utilizavam para obter recursos naturais, como madeira, lenha e água.
A criação do Parque Nacional da Serra do Itajaí, em 2004, representou um marco na história da Nova Rússia. O parque protegeu a floresta nativa da região, garantindo a continuidade da relação entre os moradores e a natureza.
A partir dos resultados das pesquisas sobre a Nova Rússia, o GPHAVI expandiu seus estudos para a região do Parque Nacional da Serra do Itajaí. Através de novas pesquisas de História Oral, foi possível coletar relatos sobre a história ambiental de mais de 30 comunidades e 9 municípios abrangidos pelo parque.
As pesquisas revelaram que a região do Parque Nacional da Serra do Itajaí apresenta uma rica história ambiental, marcada por diversos ciclos econômicos, como a mineração, a agricultura e a exploração florestal. A floresta nativa sempre esteve presente na região, sendo utilizada pelos moradores para obter recursos naturais, como madeira, lenha e água.
As pesquisas de História Ambiental do Parque Nacional da Serra do Itajaí realizadas pelo GPHAVI contribuem para o conhecimento sobre a relação entre o homem e o meio ambiente na região. Os resultados das pesquisas revelam a importância da floresta nativa para a história e a cultura da região, e destacam o papel da conservação ambiental para o desenvolvimento sustentável.
Pequena História Ambiental da Serra do Itajaí: da ocupação até após o Parque Nacional da Serra do Itajaí
A história ambiental da Serra do Itajaí é marcada por uma trajetória de intensa interação entre a sociedade humana e o ambiente natural, evoluindo desde a formação de comunidades dependentes dos recursos da Mata Atlântica até a criação do Parque Nacional da Serra do Itajaí (PNSI) em 2004. Essa história pode ser compreendida em quatro fases distintas.
A primeira etapa, entre 1850 e 1920, corresponde à formação e colonização do território da Serra do Itajaí. A partir de 1850, com o processo de colonização impulsionado pelos núcleos de Blumenau e Brusque, houve um fluxo migratório para o interior da serra. Pequenas comunidades rurais foram estabelecidas, desenvolvendo um modelo de vida profundamente dependente da biodiversidade da Mata Atlântica. A principal atividade econômica desse período era a exploração da madeira, que favorecia a ocupação da região, além da agricultura de subsistência. Essa fase inicial já promovia alterações significativas na paisagem, com desmatamentos progressivos para o uso do solo.
A segunda etapa, entre 1920 e 1970, é caracterizada pelo desenvolvimento das comunidades através de ciclos econômicos diversificados. Além da continua exploração da madeira, outras atividades se destacaram, como os cultivos de milho, arroz e fumo, além da mineração. A agricultura de subsistência coexistia com a agricultura comercial, e houve um aumento na infraestrutura rural com a proliferação de manufaturas, como engenhos, atafonas e serrarias. A criação de gado (bovinos, caprinos, suínos e aves) também se intensificou, contribuindo para um impacto ambiental significativo. Esse período foi marcado pela superexploração da floresta, resultando na progressiva degradação da vegetação nativa e de importantes recursos hídricos.
A terceira etapa, entre 1970 e 2004, foi marcada por uma transição demográfica e pelo crescimento da consciência ambiental. Os ciclos da madeira, da mineração, do fumo e do arroz continuaram, mas começou-se a adotar o reflorestamento com espécies exóticas, como o pinus e o eucalipto. No entanto, com o endurecimento das legislações ambientais e as dificuldades na produção rural, muitas comunidades passaram por um esvaziamento, com a migração de população jovem para os centros urbanos. Houve uma mudança no perfil das propriedades rurais, com algumas sendo convertidas em recantos de lazer.
Este período foi crucial para a proteção ambiental da região. Movimentos ambientalistas de Blumenau e do Vale do Itajaí emergiram com força, defendendo a criação de uma Unidade de Conservação para proteger a serra. Iniciativas de conservação preexistentes, como o Parque Natural Municipal Nascentes do Garcia (PNMNG) e o Parque Ecológico Artex, foram embriões do futuro parque nacional. A consciência sobre a degradação da Mata Atlântica e a pressão social crescente impulsionaram o debate sobre a necessidade de uma área de proteção integral. Figuras como Lauro Eduardo Bacca e Padre Raulino Reitz desempenharam um papel fundamental na defesa da conservação da Serra do Itajaí.
A quarta etapa tem início em 2004 com a criação do Parque Nacional da Serra do Itajaí. Fruto da mobilização de ambientalistas e da crescente preocupação com a preservação da Mata Atlântica e dos recursos hídricos da região do Vale do Itajaí, o PNSI foi criado por decreto presidencial em 4 de junho de 2004. Seu principal objetivo é a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, promovendo pesquisa científica, educação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico, permitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais.
A criação do PNSI representou uma mudança significativa no modelo de desenvolvimento local, incentivando novas atividades econômicas sustentáveis, como o ecoturismo e iniciativas de conservação. A presença da Unidade de Conservação contribui para um modelo de gestão territorial mais equilibrado, onde a conservação ambiental passa a ser um ativo econômico e cultural das comunidades do entorno.
A história ambiental da Serra do Itajaí até a criação do PNSI reflete um momento histórico que começa de um ciclo de intensa exploração dos recursos naturais, seguido por uma crise ambiental que mobilizou a sociedade civil e o poder público para a adoção de medidas de conservação. A criação do parque em 2004 simboliza um ponto de inflexão nessa história, promovendo um equilíbrio entre a proteção da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável das comunidades do seu entorno e de toda a região do Vale do Itajaí.
Por que o Parque Nacional da Serra do Itajaí é importante para o desenvolvimento regional sustentável no Vale do Itajaí?
O Parque Nacional da Serra do Itajaí é importante para o desenvolvimento regional sustentável no Vale do Itajaí por diversos motivos, incluindo:
Proteção da biodiversidade: o parque abriga uma rica biodiversidade, incluindo espécies endêmicas da Mata Atlântica. A conservação da biodiversidade é essencial para o desenvolvimento sustentável, pois garante a manutenção dos ecossistemas e dos serviços ecossistêmicos, como a purificação da água, a polinização e o controle da erosão.
Fornecimento de água: o parque é uma importante fonte de água para a região, pois abriga nascentes de diversos rios e córregos. A conservação da floresta nativa é essencial para a manutenção da qualidade da água, pois evita a erosão do solo e a poluição dos rios.
Turismo sustentável: o parque oferece diversas oportunidades para o desenvolvimento do turismo sustentável, como trilhas, camping, observação da natureza e educação ambiental. O turismo sustentável é uma atividade econômica que pode contribuir para o desenvolvimento da região sem causar impactos ambientais negativos.
Preservação da cultura local: o parque abriga comunidades tradicionais que têm uma relação milenar com a floresta nativa. A conservação da floresta nativa é essencial para a preservação da cultura local, pois garante o acesso dos moradores aos recursos naturais e a manutenção de seus modos de vida tradicionais.
O Parque Nacional da Serra do Itajaí é um importante bem para o desenvolvimento regional sustentável no Vale do Itajaí. O parque contribui para a conservação da biodiversidade, o fornecimento de água, o turismo sustentável e a preservação da cultura local. Ir contra o parque, é ir contra a qualidade ambiental e de vida que a UC gera para toda a população do Vale do Itajaí e Santa Catarina.
É importante ressaltar que o parque é um espaço da vida não humana, e os humanos devem ser apenas visitantes! Do contrário, agem de forma antiética, desrespeitando os valores humanos e das futuras gerações que viverão no Vale do Itajaí, e que, por meio do PNSI, recebem benefícios ambientais direta ou indiretamente.
Comunidades do PNSI
Recanto do Tio João
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