Quando pensamos em História, geralmente nos vêm à mente documentos, relatos e vestígios arqueológicos. Mas e se a biodiversidade também fosse um testemunho do passado? O estudo da fauna de uma região poderia revelar muito sobre as transformações ambientais e humanas ao longo do tempo!
O litoral norte de Santa Catarina tem passado por profundas transformações ao longo das últimas décadas, com o crescimento urbano e a ocupação desordenada impactando diretamente os ecossistemas locais. Mas como essa mudança afetou a biodiversidade?
Essa é a questão central do estudo "Aves dos remanescentes florestais e ambientes com influência marítima em Itapema e Porto Belo", recém-publicado na Revista CEPSUL - Biodiversidade e Conservação Marinha, pelos pesquisadores Carlos Eduardo Zimmermann e Vanessa Dambrowski. O artigo apresenta um levantamento detalhado das espécies de aves que habitavam a região desde os anos 1980 até 2015, período em que a urbanização avançou consideravelmente.
Os pesquisadores identificaram 153 espécies de aves, sendo que 27 delas são endêmicas da Mata Atlântica, um bioma extremamente ameaçado. Destaque para o Nyctibius griseus, encontrado no manguezal do Rio Perequê, e para o Phylloscartes kronei, uma espécie considerada vulnerável em nível global. Além disso, a pesquisa revelou que 58% das espécies registradas estão associadas a ambientes florestais, o que reforça a importância da preservação dos remanescentes da Mata Atlântica.
O estudo não apenas contribui para a ornitologia e a biologia da conservação, mas também é um documento fundamental para entender a História Ambiental da região. Ao comparar os dados coletados entre 1987 e 2015, os pesquisadores revelam como a ocupação humana impactou os habitats naturais e modificou a composição da fauna. É uma região com alta especulação imobiliária, e a perda de áreas de restinga com o crescimento urbano são alguns dos fatores que podem estar ameaçando diversas espécies, alterando a dinâmica ecológica local.
Com base nesses achados, Zimmermann e Dambrowski reforçam a necessidade de planejamento ambiental e criação de corredores ecológicos, garantindo que os remanescentes florestais continuem abrigando a rica biodiversidade da região. A pesquisa serve como um alerta e um convite à reflexão: como podemos equilibrar o crescimento urbano e a conservação da natureza? A resposta pode estar em ações conjuntas entre sociedade civil, pesquisadores e políticas públicas bem estruturadas.
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