"Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo".
José Ortega y Gasset

quinta-feira, 19 de junho de 2025

O papel da História Ambiental na educação contemporânea



O artigo escrito por Nathália Moro, Anelisa Gregoleti e Christian Fausto dos Santos propõe uma reflexão interdisciplinar e pedagógica sobre o papel da História Ambiental no contexto educacional contemporâneo. Segundo os autores, a proposta da História Ambiental é “redefinir a perspectiva histórica convencional”, promovendo análises que integrem as dimensões políticas, sociais, culturais e ambientais.

Essa abordagem, ainda rara nas escolas e pouco explorada na formação docente, tem o potencial de aproximar os estudantes da compreensão de que o ser humano é parte integrante dos ecossistemas — ideia reforçada com a citação de Clive Ponting:

“Os seres humanos também fazem parte dos ecossistemas terrestres, mesmo nem sempre estando conscientes desse fato e de suas implicações.” (Ponting, 1995, p. 43)


O artigo resgata autores clássicos e contemporâneos — como Marc Bloch, Fernand Braudel, William Cronon e Alfred Crosby — para demonstrar como a História Ambiental surgiu como reação à visão humanocêntrica da história, que separava sociedade e natureza. A crítica de Donald Worster aparece como central, especialmente ao destacar que:

“A História Ambiental rejeita a premissa convencional de que a experiência humana teria se desenvolvido sem restrições naturais.” (Worster, 1991, p. 199)

O estudo também enfatiza que a História Ambiental exige uma abordagem temporal mais ampla, que inclua não apenas o tempo histórico, mas também o tempo geológico, com suas dinâmicas ecológicas, climáticas e biológicas. Os autores defendem que a adoção da História Ambiental no ensino pode contribuir significativamente para a formação de uma consciência ecológica crítica. Isso passa, necessariamente, pela superação da fragmentação entre disciplinas escolares — sobretudo entre as ciências humanas e naturais.

Para isso, propõem uma educação que situe os estudantes não apenas no tempo, mas também no espaço, ou seja, que integre as paisagens, os biomas e as marcas da ocupação humana aos conteúdos escolares. Um exemplo é a Mata Atlântica, que apesar de sua importância histórica e ambiental, é muitas vezes invisibilizada no ensino de História. Como destacam os autores:

“Devido à intensa exploração, resta apenas 5 a 12% da Mata Atlântica, principalmente em pequenos fragmentos florestais.” (Ferrão, 1992; Dean, 1996).

A pesquisa finaliza enfatizando que a História Ambiental, quando integrada ao ensino, pode ser um poderoso instrumento de Educação Ambiental, por meio da articulação entre teoria, pesquisa e práticas pedagógicas. É preciso, segundo os autores, que o ensino leve os estudantes a compreenderem que as ações humanas do passado moldam o presente — e comprometem o futuro. Assim existe uma urgência de uma educação comprometida com a sustentabilidade, capaz de formar sujeitos críticos, conscientes e atuantes. A sustentabilidade, portanto, é apresentada como um eixo transversal e necessário para uma pedagogia do presente e do futuro.

“Tecendo conexões sustentáveis” é um texto fundamental para educadores e pesquisadores que desejam compreender o potencial formativo da História Ambiental. Ao integrar teoria, crítica e propostas didáticas, o artigo convida à reflexão sobre como ensinar História de forma ambientalmente consciente e socialmente engajada.


📘 Autoras: Nathália Moro, Anelisa Mota Gregoleti e Christian Fausto Moraes dos Santos
📍 Publicado em: Revista Educação e Saber – REdeS, v. 2, edição especial dos Anais do II Seminário Internacional sobre Educação e Desenvolvimento Regional (2025), p. 47–56.
🔗 DOI: 10.24302/redes.v2ianais.5161

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Desvendar a História Ambiental: um ensaio sobre abordagens e fontes, por José Augusto Drummond


Vamos tratar do texto Caminhos para a História Ambiental – Ensaio sobre Abordagens e Fontes, de José Augusto Drummond, publicado na revista HALAC – Historia Ambiental, Latinoamericana y Caribeña (v.15, n.1, 2025), p. 452–484. 🔗 Disponível em: https://halacsolcha.org/index.php/halac. 

Neste ensaio o pesquisador José Augusto Drummond compartilha de sua caminhada intelectual e  metodológica, que percorreu para construir sua leitura e prática da História Ambiental (HA). O texto se estrutura como uma jornada teórica, vivencial e interdisciplinar, revelando não apenas fontes e conceitos, mas também dilemas, encontros e influências decisivas.

Logo na introdução, o autor esclarece sua proposta: não pretende apresentar uma metodologia rígida, mas sim reunir “observações e aprendizados sobre abordagens e fontes referentes à história ambiental” (p. 452). Trata-se de um ensaio pensado a partir de uma palestra dada em 2023, o que lhe confere um tom informal, ao mesmo tempo crítico e didático. 

Drummond afirma sua filiação direta à abordagem do historiador Donald Worster, especialmente à proposta que ficou conhecida como perspectiva sócionaturalista. Essa perspectiva articula três eixos: (1) o ambiente biofísico, (2) as tecnologias de uso da natureza e (3) os valores e culturas humanas envolvidos nesse processo. Segundo o autor, para que uma pesquisa seja verdadeiramente uma história ambiental “de raiz”, ela precisa lidar com esses três níveis simultaneamente. Citando Worster, ele enfatiza:

“Um estudioso que pratica a HA de raiz [...] tem que lidar com as três dimensões.” (p. 455)

Ao longo do texto, Drummond apresenta autores que o influenciaram na construção de sua visão integrada: Julian Steward, Leslie White, Marvin Harris, Darcy Ribeiro e Carl Sauer. Ele reconhece, por exemplo, que Steward já trabalhava com uma abordagem tripartite semelhante à de Worster, sob o nome de “ecologia cultural” — estudando:

 “o quadro de recursos naturais disponíveis, as tecnologias de exploração desses recursos, e os valores e estruturas sociais que emergem daí” (p. 457).

Drummond lamenta que autores como Steward e Harris sejam pouco ensinados no Brasil e destaca que, embora associados ao evolucionismo cultural, suas propostas são centrais para pensar a história das interações entre sociedade e natureza de maneira materialista, porém crítica.

Um dos trechos mais provocativos do ensaio é quando Drummond discute o tempo geológico, muitas vezes ignorado pelos historiadores sociais. Segundo ele, praticar História Ambiental exige familiaridade com escalas temporais muito mais amplas do que as comumente trabalhadas nas ciências humanas.

“O praticante da HA precisa estar antenado para — e se sentir confortável com — as dilatadas escalas de tempo que marcaram o surgimento e mudança dos componentes da natureza.” (p. 463)

Ele também critica o “paradigma da imunidade humana” — a ideia, ainda presente em parte das ciências sociais, de que a natureza não condiciona a ação humana. Em contraposição, afirma que


“as sociedades humanas [...] não são imunes às ações e aos condicionantes das variáveis naturais.” (p. 464)


Drummond encerra com uma valiosa discussão sobre fontes, métodos e instituições voltadas à História Ambiental. Ele recomenda recursos como a revista HALAC, a Sociedad Latinoamericana y Caribeña de Historia Ambiental (SOLCHA) e outras plataformas nacionais e internacionais. Também defende o trabalho de campo, incentivando os pesquisadores a “calçarem as botas” e observarem diretamente as paisagens, as marcas humanas e os conflitos ambientais nos territórios que estudam (p. 465).

Drummond deixa claro que a História Ambiental não é uma simples subcategoria da História ou da Ecologia, mas sim uma ciência histórica com base interdisciplinar, que demanda domínio conceitual e abertura ao diálogo com diferentes campos do saber.

Em sua definição mais lapidar, ele afirma:

“A HA é o estudo das interações mútuas entre o mundo das sociedades humanas e o mundo da natureza, com a suposição de que as sociedades modificam a natureza e de que a natureza faz o mesmo com as sociedades.” (p. 466)


A leitura deste ensaio é fundamental para estudantes, pesquisadores e professores interessados na História Ambiental como prática crítica e transformadora. Com uma escrita clara, provocativa e generosa, José Augusto Drummond oferece aqui não apenas uma introdução ao campo, mas um verdadeiro manifesto pelo rigor e pela interdisciplinaridade na abordagem das questões socioambientais.

📖 Leia o artigo completo na revista HALAC:
🔗 Caminhos para a História Ambiental - HALAC 2025

quinta-feira, 5 de junho de 2025

🌱 Hoje é um dia especial: Dia Mundial do Meio Ambiente e aniversário de 21 anos do Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí! 🎉

Hoje, 5 de junho, celebramos não apenas o Dia Mundial do Meio Ambiente, mas também um marco muito especial para a nossa comunidade acadêmica: os 21 anos do Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí (GPHAVI), aqui na FURB.

A trajetória do nosso grupo é inspiradora. Surgimos a partir do entusiasmo e da iniciativa de um estudante interessados em pesquisar e compreender as complexas relações entre sociedade e natureza em nossa região. O GPHAVI nasceu a partir de uma Iniciação Científica. Ao longo dessas mais de duas décadas de atividades, mais de 60 estudantes participaram conosco, realizando Iniciações Científicas, Trabalhos de Conclusão de Curso, dissertações, tese de doutorado e diversas outras pesquisas que contribuíram para consolidar a História Ambiental como um campo de estudo fundamental no Vale do Itajaí e em Santa Catarina. 

Seguimos como formiguinhas, pouco a pouco produzindo com as Iniciações Científicas, como principal atividade, conhecimento sobre o Vale do Itajaí, ampliando o diálogo entre as Ciências Humanas, a Ecologia, a Geografia e outras áreas afins. Também, a partir das redes sociais, mantemos o compromisso com a divulgação científica, com este blogue, facebook, instagram e canal no youtube. E como sempre, na Universidade e região, promovendo eventos, publicações e ações que fortalecem e dão visibilidade à História Ambiental como uma perspectiva essencial para entender os desafios socioambientais contemporâneos. É uma necessidade pesquisar, refletir e intervir criticamente sobre as relações entre sociedade e meio ambiente, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e comprometidos com um futuro mais justo e sustentável.

Parabéns a todas e todos que fizeram e fazem parte dessa história! 🎊
Que venham muitos outros anos de pesquisa, aprendizado e transformação!


📚 Um dos mais recentes Trabalhos de Conclusão de Curso desenvolvidos no GPHAVI foi realizado por Juliano João Nazário, estudante que participou de três projetos de Iniciação Científica ao longo de sua graduação e encerrou sua trajetória acadêmica com o TCC intitulado: 

🔎 “GPHAVI: a contribuição de um grupo de pesquisa para a História Ambiental”.

✨ O estudo é uma importante reflexão sobre a atuação do grupo e sua relevância na consolidação da História Ambiental como campo de pesquisa no Vale do Itajaí. 👉 Para quem deseja conhecer mais sobre a nossa trajetória, este trabalho é leitura fundamental!

🎥 Assista à apresentação pública




domingo, 18 de maio de 2025

Chamada para seleção de Projetos de Iniciação Científica – PIBIC-CNPq 2025

O GPHAVI, vinculado ao Departamento de História e Geografia da FURB, e Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional, está selecionando propostas de projetos de Iniciação Científica de estudantes da graduação para concorrer ao edital PIBIC-CNPq 2025.

As inscrições vão de 07 de abril a 02 de junho de 2025, e estudantes de graduação da FURB interessados em pesquisa nas áreas de História e Meio Ambiente estão convidados a participar.

📘 O que é História Ambiental?
A História Ambiental é uma abordagem historiográfica interdisciplinar que busca compreender a interação entre sociedades humanas e a natureza ao longo do tempo. Segundo o historiador Donald Worster, um dos fundadores da disciplina, a História Ambiental “estuda o papel desempenhado pelo ambiente natural no curso da história humana, assim como o impacto das ações humanas sobre esse ambiente”. Em outras palavras, é uma história que considera tanto os seres humanos quanto o mundo natural como protagonistas do processo histórico.

Essa perspectiva permite analisar como práticas econômicas, culturais e políticas transformaram paisagens, alteraram ecossistemas e moldaram modos de vida. No contexto do Vale do Itajaí, marcado por uma intensa colonização e exploração da Mata Atlântica, a História Ambiental revela os conflitos, adaptações e consequências ambientais da ocupação do território.

💬 Por que participar de uma Iniciação Científica no GPHAVI?

Fazer parte do GPHAVI significa integrar um grupo com 20 anos de experiência comprometido com a produção de conhecimento crítico e interdisciplinar, voltado à compreensão histórica dos impactos ambientais e à busca por alternativas sustentáveis para o futuro. A iniciação científica é uma oportunidade de aprofundar sua formação acadêmica, desenvolver habilidades de pesquisa e contribuir para debates relevantes sobre o território em que vivemos.

No GPHAVI estudantes de graduação de diferentes áreas — como História, Ciências Sociais, Comunicação Social, Jornalismo, Arquitetura, Biologia, Engenharias, Biomedicina, entre outras — podem submeter propostas de Iniciação Científica vinculadas às temáticas que analisamos ao longo desses anos de pesquisa. Assim as propostas devem dialogar com os desenvolvimento das pesquisas do grupo, em uma ou mais de nossas linhas de pesquisa, que articulam a relação entre sociedade e natureza, nas mais diversas dimensões.

São temas interessantes:

-Estudos que abordem as relações entre a natureza e a ação humana no processo de desenvolvimento do território do Vale do Itajaí, considerando aspectos econômicos, sociais e culturais, com foco em eventos históricos e transformações paisagísticas.

-Estudos que analisam como a paisagem é construída, percebida e representada social e culturalmente ao longo do tempo, por meio de fontes como relatos de viajantes, mapas, imagens, documentos administrativos e literatura.

-Estudos que abordem as interações entre grupos sociais e a biodiversidade regional, com atenção às práticas culturais, modos de subsistência, saberes locais e tradicionais, e sua relação com o uso e conservação dos recursos naturais.

-Estudos sobre os desastres naturais e os processos de vulnerabilidade socioambiental, compreendendo-os como resultantes de dinâmicas históricas e da intervenção humana no ambiente, especialmente em tempos de crise climática.

-Estudos que explorem as transformações ambientais associadas à colonização europeia na região, destacando os saberes, práticas e impactos das populações imigrantes na paisagem e na biodiversidade local.

🌍 Conheça as linhas de pesquisa do GPHAVI

História Ambiental
Esta é a linha matriz do GPHAVI, centrando-se na identificação dos processos e modificações ambientais resultantes da interação entre sociedade e natureza, desde os primórdios da humanidade até os dias atuais. Analisamos as mudanças ambientais ao longo do tempo para compreender melhor os desafios atuais e desenvolver estratégias sustentáveis. Um exemplo emblemático desta linha é o projeto guarda-chuva do GPHAVI: investigar a História Ambiental do Vale do Itajaí. Aqui, exploramos como a ocupação humana e as práticas culturais moldaram a paisagem e os ecossistemas da região.

História Ambiental do Desenvolvimento Regional
Esta linha se dedica a identificar e compreender os processos históricos de ocupação e uso dos recursos naturais que moldaram o desenvolvimento regional. Analisamos as problemáticas ambientais decorrentes desses processos para propor modelos e indicadores de desenvolvimento mais sustentáveis, visando uma gestão equilibrada dos recursos naturais. Nosso objetivo é traçar um panorama histórico que ilumine as melhores práticas para o desenvolvimento sustentável da região.

Desenvolvimento Regional Sustentável
A linha de Desenvolvimento Regional Sustentável visa uma análise aprofundada do território, explorando sua diversidade histórico-cultural e os impactos socioambientais. Pesquisamos temas como gestão e análise de políticas públicas, governança, planejamento urbano e regional, e turismo. Também investigamos dinâmicas socioeconômicas, como economia solidária, ciência e tecnologia, e redes de cooperação. Nosso objetivo é promover processos efetivos de desenvolvimento regional sustentável, considerando a interconexão entre diferentes fatores que impactam a região.

Tecnologia Social, Desenvolvimento Regional e Sustentabilidade Ambiental
Nesta linha, investigamos a produção de tecnologias sociais e sua relação com o desenvolvimento regional e a sustentabilidade ambiental. Buscamos compreender como inovações tecnológicas podem ser aplicadas de maneira eficaz para promover práticas sustentáveis, contribuindo para o progresso regional de forma equitativa e ecologicamente responsável.

Ecologia da Paisagem
Abordamos a inter-relação entre processos ecológicos e a dinâmica de transformação da paisagem. Nossa pesquisa combina a perspectiva espacial do geógrafo com a visão sistêmica do ecólogo, visando compreender as complexas interações entre elementos naturais e antrópicos. Contribuímos para a gestão ambiental, oferecendo insights valiosos sobre como as mudanças ecológicas influenciam a configuração da paisagem ao longo do tempo.

Geografia Histórica
A linha de Geografia Histórica concentra-se na reconstrução de paisagens geográficas de eras anteriores e no Antropoceno. Investigamos a interação dos fenômenos e processos humanos com o ambiente ao longo do tempo, buscando oferecer uma visão aprofundada das transformações geográficas. Nossa pesquisa auxilia na compreensão das raízes históricas dos desafios ambientais atuais, fornecendo uma base sólida para soluções futuras.


📝 Estrutura do Projeto
As propostas de Iniciação Científica deverão seguir a seguinte estrutura:

Título do projeto
Resumo (até 500 palavras)
Introdução e justificativa
Objetivos (geral e específicos)
Revisão bibliográfica
Metodologia
Cronograma de atividades  com pano de trabalho. (12 meses)
Referências Bibliográficas

📌 Critérios para participação do estudante no PIBIC-CNPq (2025)

Para participar da seleção de bolsistas do PIBIC-CNPq no GPHAVI, o(a) estudante deve atender aos seguintes requisitos:

Estar regularmente matriculado(a) em curso de graduação da FURB
Não estar inadimplente com a instituição
Não participar do Programa Universidade Gratuita
Não acumular outra bolsa ou recurso de fomento público (municipal, estadual ou federal)
Verificar os critérios atualizados para bolsistas no site oficial do CNPq – Programa PIBIC
Ter disponibilidade para cumprir uma carga horária de 20 horas semanais, divididas entre atividades de pesquisa presenciais e remotas, incluindo participação nas ações do grupo GPHAVI.

📅 Período de inscrições: 07/04 a 02/06/2025

Os interessados devem agendar uma reunião para apresentação do projeto, entrar em contato no e-mail: gphavi01@gmail.com


quinta-feira, 1 de maio de 2025

A História Ambiental e 01 de maio!


O Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de maio, é marcado pela memória das lutas por condições dignas de trabalho, como a que ocorreu em 1886, nos Estados Unidos, com a Greve de Chicago. No entanto, ao pensar essa data por uma perspectiva da História Ambiental, percebemos que ela também é o marco simbólico de um processo mais amplo de transformação: a consolidação da Revolução Industrial e suas consequências para os trabalhadores e para o meio ambiente.

A partir da segunda metade do século XVIII, a industrialização alterou profundamente não só as formas de produção, mas também os espaços e as relações entre seres humanos e a natureza. A instalação de fábricas, a exploração intensiva dos recursos naturais e o crescimento desordenado das cidades promoveram uma verdadeira reconfiguração das paisagens. Rios foram desviados ou contaminados; florestas foram derrubadas para dar lugar a ferrovias, bairros operários e complexos industriais; o ar se encheu de fuligem, e o solo urbano se cobriu de resíduos industriais.

Uma paisagem industrial da década de 1830 em Nantyglo, Blaenau Gwent, no Reino Unido, retrata o intenso desenvolvimento siderúrgico da época. Diversas chaminés lançam fumaça no ar, enquanto uma ponte se destaca como elemento central da cena, simbolizando a transformação do espaço pela industrialização.

Fonte: Revolução Industrial – Wikipédia




A lógica capitalista da produção em larga escala, movida a carvão e depois a petróleo, consolidou um modelo de desenvolvimento que se apoiava na degradação ambiental como algo natural e necessário. A busca incessante por lucro e produtividade transformou a natureza em recurso a ser exaurido, e os trabalhadores, em meros instrumentos de produção. As cidades industriais, como Manchester, Londres e Chicago — palco das manifestações que originaram o 1º de maio — tornaram-se símbolos dessa nova era. Mas esses centros urbanos também se tornaram espaços de insalubridade extrema, onde operários viviam em cortiços superlotados, rodeados de esgoto, fumaça e doenças.

A Revolução Industrial, portanto, não foi apenas uma revolução tecnológica ou econômica: foi uma revolução territorial e ambiental. Os espaços rurais foram esvaziados de gente e sentidos, enquanto as cidades cresciam de forma caótica, sem planejamento, num cenário de profunda desigualdade socioambiental. A degradação do meio ambiente urbano acompanhou o processo de exploração do trabalho humano. A fábrica, símbolo do progresso industrial, era também o local onde corpos eram adoecidos por jornadas exaustivas, ruído constante, calor, poeira, intoxicação química e a ausência quase completa de segurança.

A imagem retrata uma criança puxando um carrinho carregado de carvão em uma mina durante a Revolução Industrial britânica. Essa cena ilustra as duras condições de trabalho infantil da época, marcadas por jornadas exaustivas, espaços confinados e ausência de proteção, refletindo a exploração extrema que caracterizou o trabalho nas minas.

Fonte: A Mineração de Carvão na Revolução Industrial Britânica – World History Encyclopedia



Essa destruição do equilíbrio entre sociedade e natureza tornou-se estrutural ao sistema capitalista. E é nesse ponto que a História Ambiental lança luz: ao nos mostrar que o modelo de produção que oprime o trabalhador é o mesmo que devasta o ambiente. A luta dos operários por condições dignas de trabalho é, também, uma luta por condições dignas de vida — e isso inclui o direito a um ambiente saudável.

A modernização, que tantas vezes é vendida como "progresso", veio acompanhada da expropriação tanto da força de trabalho quanto dos territórios. Na perspectiva da História Ambiental, o 1º de maio deve nos lembrar não só da resistência ao modelo de exploração humana, mas também da resistência ao modelo de exploração da natureza. A destruição ambiental e a degradação das condições de vida andam juntas — e a urbanização descontrolada, os bairros operários cercados de poluição e a atual crise climática são desdobramentos contínuos daquele mesmo processo iniciado nos séculos XVIII e XIX.

No século XXI, os desafios persistem. Os trabalhadores de aplicativos enfrentam jornadas extensas, sem proteção legal, e circulam em cidades congestionadas, poluídas e fragmentadas. A tecnologia que prometia aliviar a carga de trabalho muitas vezes tem servido para intensificá-la. A lógica da mais-valia continua a pautar o uso tanto da natureza quanto da vida humana como matéria-prima descartável.

Assim, o 1º de maio deve ser resgatado como uma data de luta e reflexão não apenas sobre os direitos trabalhistas, mas sobre os caminhos do desenvolvimento que temos escolhido. Um mundo mais justo exige pensar trabalho e meio ambiente como dimensões inseparáveis da dignidade humana. E exige reconhecer que a justiça social e a justiça ambiental caminham lado a lado — ontem, hoje e sempre.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

O spectro do capitalismo assola um Parque Nacional

Mais uma vez, empresas, políticos e o projeto que ameaça a proteção da Serra do Itajaí!

Desde 2022 o Parque Nacional da Serra do Itajaí, após uma associação de interesses empresariais e políticos, vendo sendo ameaçado, e com isso toda uma comunidade do seu entorno, através do Projeto de Lei 1797/2022, proposto pelo deputado federal Darci de Matos (PSD-SC), que visa reclassificar o parque como Floresta Nacional, alterando seu status de proteção integral para uso sustentável. Dentro do grau de conservação, é uma regressão de nível, abrandando a exploração da região. Essa mudança, se fosse realizada permitiria atividades econômicas dentro da área, como exploração madeireira e agricultura, desde que compatíveis com o manejo e a conservação.


Essa ideia maluca, que por de trás obviamente possui algum interesse econômico, ao desenrolar da proposta legislativa, tem gerado preocupação entre ambientalistas e organizações da sociedade civil. Pois quando um parque é criado são os estudos preliminares que indicam a categoria, e a que melhor se adéqua a qualidade ambiental da região é o de PARNA. O parque abriga cerca de 57 mil hectares de Mata Atlântica, distribuídos por nove municípios do Vale do Itajaí, e é lar de diversas espécies ameaçadas. Além disso, a área é crucial para a proteção de nascentes que abastecem a região, e desde a sua criação as atividade de exploração extrativistas diminuíram drasticamente fazendo surgir empreendimentos voltados para o turismo da conservação e sustentabilidade. A mudança de categoria afetaria diversos negócios que vivem pela existência do Parque Nacional, devido a qualidade ambiental e de uso público existentes nesta categoria. Ou seja, o tipo de parque, se é de proteção integral ou sustentável, é realizado por cientistas, geralmente sem vínculos com o mercado, e que classificam o território a ser conservado.

Parece haver um falta de informação e má índole na proposta, e de quem defende esse rebaixamento de categoria do parque, ou qualquer outra ação contrária a ele. A mudança de categoria não resolveria os conflitos fundiários existentes, pois, mesmo como Floresta Nacional, as terras continuariam sendo de domínio público federal e sujeitas à desapropriação. E as empresas de reflorestamento do entorno, teriam que se enquadrar, o que não é difícil, e com isso teriam a liberdade de explorar. E ainda toda uma legislação de ordenamento do uso do solo e do recursos punitiva continuaria valendo. ​

Em uma Floresta Nacional, o manejo florestal sustentável é permitido — isso significa que empresas podem explorar madeira, inclusive em regime de concessão. Muitas vezes, isso se traduz na implantação de monoculturas de pinus ou eucalipto, que empobrecem a biodiversidade, alteram o solo, os cursos d’água e favorecem incêndios florestais. Enquanto Parques Nacionais exigem a desapropriação e domínio público da terra, as Florestas Nacionais permitem propriedades particulares em seu interior. Isso abre brechas para conflitos fundiários, pressões por infraestrutura (como estradas e barragens) e uso intensivo do solo com fins comerciais.

Parques têm como finalidade principal a preservação integral da natureza, com visitação apenas para fins educativos, científicos e recreativos controlados. Florestas Nacionais, por outro lado, têm foco em uso múltiplo e sustentável dos recursos florestais, o que pode colocar em risco espécies endêmicas ou ameaçadas.

A reclassificação pode atender interesses de setores como o de silvicultura e agronegócio, que têm atuação política ativa e lobbies no Congresso Nacional. No caso do Parque Nacional da Serra do Itajaí, há indícios de pressão de empresas de reflorestamento e envolvimento de parlamentares que já apresentaram outros projetos contrários à preservação ambiental. Com o uso econômico, ocorre abertura de vias, circulação de veículos pesados, introdução de espécies exóticas, tudo isso fragmenta habitats, afeta corredores ecológicos e rompe o equilíbrio entre sociedade e natureza que essas áreas protegem.

As populações do entorno do Parque Nacional da Serra do Itajaí, que no passado dependiam da exploração direta dos recursos naturais, passaram por um processo de transformação desde a criação da unidade de conservação em 2004. Em municípios como Blumenau, Gaspar, Ascurra, Indaial e Botuverá, por exemplo, observa-se uma redução significativa dessas práticas e o surgimento de novas iniciativas ligadas ao ecoturismo e a atividades sustentáveis. Esses empreendimentos têm contribuído para a diversificação e o fortalecimento da economia local, alinhando conservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico.

No entanto, todo esse avanço está sob ameaça com a proposta de reclassificação do parque. A pressão para modificar seus limites e até mesmo questionar sua existência não é recente — trata-se de uma demanda histórica de setores empresariais, especialmente ligados à indústria madeireira e ao agronegócio. Diante disso, cabe uma pergunta incômoda, mas necessária: estariam alguns políticos sendo comprados? A insistência em desmantelar uma conquista ambiental e social tão relevante parece indicar que a lógica do lobby está sobrepondo o interesse público. Muitos parlamentares demonstram maior compromisso com sua permanência no poder e com os interesses do capital do que com a preservação ambiental ou o bem-estar das populações locais. Isso fica evidente quando suas falas e ações defendem majoritariamente os interesses de setores econômicos que historicamente pressionam pela flexibilização das leis ambientais.

Infelizmente, a proposta já tramitou na Câmara dos Deputados e, embora esteja temporariamente paralisada — em uma espécie de "banho-maria" legislativo —, ainda pode ser retomada a qualquer momento. Isso porque permanecem ativos os interesses daqueles que controlam a política e almejam também controlar o território. A proposta deverá ser analisada pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, e de Constituição e Justiça e de Cidadania, o que reforça a necessidade de vigilância e mobilização social diante da possibilidade de retrocessos. Leia o posicionamento do relator, clique aqui!

Últimas notícias: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2330599#tramitacoes

04/04/2025

Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ( CMADS )Designado Relator, Dep. Delegado Matheus Laiola (UNIÃO-PR).
07/04/2025

Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ( CMADS )Prazo para Emendas ao Projeto (5 sessões a partir de 08/04/2025)
15/04/2025

Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ( CMADS )Encerrado o prazo de 5 sessões para apresentação de emendas ao projeto (de 07/04/2025 a 15/04/2025). Não foram apresentadas emendas.

Fonte:

APREMAVI. Comitê do Itajaí publica moção contrária à mudança de categoria do PNSI. Apremavi, 2023. Disponível em: https://apremavi.org.br/comite-do-itajai-publica-mocao-contraria-a-mudanca-de-categoria-do-pnsi/. Acesso em: 17 abr. 2025.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Proposta transforma parque em Santa Catarina em floresta nacional. Câmara Notícias, 2022. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/898497-proposta-transforma-parque-em-santa-catarina-em-floresta-nacional/. Acesso em: 17 abr. 2025.

JORNAL DO MÉDIO VALE. Projeto quer transformar Parque Nacional da Serra do Itajaí em Floresta Nacional. Jornal do Médio Vale, 2023. Disponível em: https://jornaldomediovale.com.br/geral/projeto_quer_transformar_parque_nacional_da_serra_do_itajai_em_floresta_nacional-103694/. Acesso em: 17 abr. 2025.

MOURA, Caroline. Projeto rebaixa categoria de proteção do Parque Nacional da Serra do Itajaí. AMDA – Associação Mineira de Defesa do Ambiente, 2022. Disponível em: https://amda.org.br/noticias/6569-projeto-rebaixa-categoria-de-protecao-do-parque-nacional-da-serra-do-itajai/. Acesso em: 17 abr. 2025.


Outras fontes que tratam sobre o tema:

PROJETO DE LEI N.º 1.797, DE 2022

https://www.camara.leg.br/noticias/898497-PROPOSTA-TRANSFORMA-PARQUE-EM-SANTA-CATARINA-EM-FLORESTA-NACIONAL?utm_source=chatgpt.com

https://amda.org.br/noticias/6569-projeto-rebaixa-categoria-de-protecao-do-parque-nacional-da-serra-do-itajai/?utm_source=chatgpt.com

https://apremavi.org.br/comite-do-itajai-publica-mocao-contraria-a-mudanca-de-categoria-do-pnsi/?utm_source=chatgpt.com

https://jornaldomediovale.com.br/geral/projeto_quer_transformar_parque_nacional_da_serra_do_itajai_em_floresta_nacional-103694/?utm_source=chatgpt.com

https://amda.org.br/noticias/6569-projeto-rebaixa-categoria-de-protecao-do-parque-nacional-da-serra-do-itajai/

https://www.camara.leg.br/noticias/898497-PROPOSTA-TRANSFORMA-PARQUE-EM-SANTA-CATARINA-EM-FLORESTA-NACIONAL

https://apremavi.org.br/comite-do-itajai-publica-mocao-contraria-a-mudanca-de-categoria-do-pnsi/


https://oeco.org.br/reportagens/politicos-de-sc-se-unem-para-reduzir-protecao-do-parque-nacional-da-serra-do-itajai/

https://jornalfolhalitoral.com.br/unidade-de-conservacao-moradores-defendem-nova-categoria-para-o-parque-nacional-da-serra-do-itajai/

https://omunicipio.com.br/audiencia-publica-discute-mudanca-de-categoria-do-parque-nacional-da-serra-do-itajai/

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Trabalho, natureza e História

Na História Ambiental, buscamos compreender como as sociedades humanas se relacionam com o meio natural ao longo do tempo. Essa abordagem interdisciplinar parte do princípio de que a natureza não é apenas um pano de fundo passivo para a ação humana, mas um agente ativo que influencia e é influenciado pelos processos sociais, econômicos e culturais. Nesse sentido, as ideias de Karl Marx oferecem importantes contribuições teóricas para pensarmos a dimensão histórica da relação entre sociedade e natureza.

Para Marx, a natureza não é separada da humanidade. Pelo contrário, ela é o fundamento material da existência humana — fonte dos meios de subsistência, dos objetos do trabalho e da própria possibilidade de produção histórica. A relação entre seres humanos e natureza é, portanto, mediada pelo trabalho. É através dele que o ser humano transforma a natureza externa para satisfazer suas necessidades, ao mesmo tempo em que se transforma a si mesmo. Trata-se de um intercâmbio material contínuo, no qual o ser humano regula e reorganiza seu entorno natural.

Marx concebe essa relação como uma unidade dialética: somos parte da natureza, e nossa ação sobre ela — moldada historicamente — é tanto um processo produtivo quanto formativo. A História da humanidade é, também, a história da transformação da natureza. Essa transformação, contudo, varia conforme os modos de produção historicamente determinados.

No sistema capitalista, segundo Marx, essa relação se torna alienada. O trabalhador é separado dos meios de produção — que incluem a terra, os recursos naturais e os frutos de seu próprio trabalho —, provocando uma ruptura profunda na relação entre sociedade e natureza. O capitalismo, orientado pela lógica do lucro, impulsiona uma exploração intensiva e destrutiva tanto do trabalho humano quanto do meio natural.

Essa análise é especialmente relevante para a História Ambiental, pois nos permite entender como as formas de organização econômica e social impactam ecossistemas, paisagens e ciclos naturais. Além disso, aponta para a possibilidade de outras formas de relação — mais racionais e sustentáveis — com o mundo natural. Em sua visão de uma sociedade comunista, Marx projeta uma superação da alienação, onde a humanidade poderia estabelecer uma relação consciente e planejada com a natureza, pautada pelas necessidades humanas e não pela acumulação de capital.

Assim, o pensamento marxista nos oferece instrumentos teóricos valiosos para refletir criticamente sobre as crises ambientais contemporâneas, suas raízes históricas e os caminhos possíveis para um futuro mais equilibrado entre humanidade e natureza.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Colonização alemã no Vale do Itajaí: uma análise ambiental a partir de um trecho da obra Colonização e Industria no Vale do Itajaí


A colonização alemã no século XIX em Santa Catarina não foi apenas um fenômeno social ou econômico, mas também um processo intensamente entrelaçado com o ambiente. Utilizando as três dimensões da história ambiental propostas por Donald Worster — a natureza em si, as interações humanas com o meio e as ideias que orientam essas interações —, podemos desvendar como esse capítulo histórico moldou e foi moldado pelo ecossistema local. Estamos aqui analisando um trecho do livro Colonização e Industria no Vale do Itajaí da historiadora Maria Luiza Renaux, situado entre a página 24 e 38, momento que a autora analisa a colonização alemã.
O território catarinense apresentava desafios e oportunidades únicos para os imigrantes alemães. O relevo acidentado do Vale do Itajaí, com suas serras íngremes e vales fluviais, determinou onde e como as colônias se estabeleceram. As florestas tropicais densas, embora ricas em madeira, exigiam técnicas como a derrubada e queima (roça ou capoeira) para abertura de áreas cultiváveis. Essa prática, herdada dos indígenas e adotada pelos colonos, teve consequências ambientais: o solo, já frágil em encostas, empobrecia rapidamente, levando ao declínio das colheitas e à necessidade de migração para novas terras.



A escolha estratégica de núcleos como Blumenau e Joinville também refletia a dependência dos rios Itajaí-Açu e Itajaí-Mirim para navegação e escoamento da produção, evidenciando como a geografia fluvial moldou a logística econômica. Enquanto Blumenau prosperou graças à vasta hinterlândia planáltica, Brusque enfrentou limitações devido ao relevo estreito e íngreme, dificultando sua expansão.

Os imigrantes alemães trouxeram consigo práticas agrícolas adaptadas à pequena propriedade, contrastando com o latifúndio monocultor do Brasil colonial. Cultivavam policultura (milho, feijão, mandioca) e introduziram sementes selecionadas e gado de raça europeia, graças a iniciativas como o Kulturverein (Sociedade Cultural), que promovia técnicas racionais.

No entanto, a pressão por terras férteis levou ao desmatamento acelerado. A transição para a industrialização (têxteis, cervejarias, metalurgia) a partir de 1860 foi uma resposta à exaustão do solo e à necessidade de diversificação econômica. A infraestrutura — como a estrada de ferro iniciada em 1907 — facilitou o acesso a mercados, mas também consolidou a exploração de recursos naturais, como a madeira e o calcário.

O cooperativismo emergiu como solução às adversidades: mutirões (Bittarbeit) para derrubar matas, construção de engenhos comunitários e sociedades de crédito rural. Essas práticas refletiam uma adaptação pragmática ao isolamento e à escassez de serviços estatais.

A colonização alemã foi impulsionada por políticas imperiais que visavam substituir a mão de obra escrava por imigrantes europeus "livres e laboriosos". Leis como a Lei de Terras de 1850 regulamentaram a ocupação de terras devolutas, privilegiando pequenos proprietários. Os valores dos colonos — ética protestante, moderação e autossuficiência — influenciaram sua relação com a natureza. Enxergavam a floresta como um obstáculo a ser dominado, mas também como recurso a ser gerido com parcimônia. Essa mentalidade, aliada ao espírito comunitário trazido dos pequenos Estados germânicos, permitiu a criação de estruturas sociais coesas, mesmo em meio ao ambiente hostil.

Porém, a visão utilitarista do ambiente prevaleceu. A natureza era um meio para o progresso, seja na agricultura, seja na indústria. A industrialização de Blumenau, por exemplo, dependeu da exploração intensiva dos rios para energia e transporte, consolidando uma economia que priorizava o crescimento sobre a sustentabilidade. A colonização alemã em Santa Catarina deixou marcas profundas. De um lado, trouxe inovações agrícolas, cooperativismo e uma base industrial que impulsionou a região. De outro, acelerou a degradação de ecossistemas, com desmatamento, erosão do solo e fragmentação de habitats.

A análise pelas lentes de Worster revela que o "sucesso" econômico das colônias teve um custo ambiental — um paradoxo comum em processos colonizadores. Hoje, enquanto cidades como Blumenau celebram sua herança germânica, é crucial refletir sobre como equilibrar desenvolvimento e preservação, aprendendo com os erros e acertos do passado.


quarta-feira, 2 de abril de 2025

🚨 CHAMADA URGENTE – Seleção de Estudante para Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC-CNPq)


O Grupo de Pesquisa em História Ambiental do Vale do Itajaí (GPHAVI) torna pública a abertura de vaga de substituição para bolsa de Iniciação Científica vinculada ao PIBIC/CNPq.

📝 Tema da pesquisa:

História ambiental da agropecuária no Vale do Itajaí (SC) nos séculos XVIII e XIX

O projeto investiga as relações entre sociedade e natureza a partir da trajetória da agropecuária no contexto histórico regional, com foco em transformações ambientais, práticas produtivas e modos de vida rurais. A pesquisa é desenvolvida por dois bolsistas e a vaga disponibilizada é de substituição (6 meses, bolsa de R$700,00/mês).


👤 Requisitos para candidatura:
  • Estar regularmente matriculado(a) em curso de graduação;
  • Não ser beneficiário(a) de Universidade Gratuita (incluindo bolsas do Art. 170 ou 171);
  • Possuir média geral igual ou superior a 7,0;
  • Ter disponibilidade de 20 horas semanais para dedicação às atividades da bolsa (em regime remoto ou semi-presencial);
  • Demonstrar interesse em pesquisa acadêmica nas áreas de História Ambiental, Ciências Humanas ou afins.

📅 Início imediato!

📩 Como se candidatar:

Os(as) estudantes interessados(as) devem entrar em contato com o Prof. Gilberto através do e-mail:
frieden@furb.br

Maiores informações, confira antigas postagens sobre a pesquisa:

domingo, 23 de março de 2025

Aves, conservação e a relação com a História Ambiental

Quando pensamos em História, geralmente nos vêm à mente documentos, relatos e vestígios arqueológicos. Mas e se a biodiversidade também fosse um testemunho do passado? O estudo da fauna de uma região poderia revelar muito sobre as transformações ambientais e humanas ao longo do tempo!  

O litoral norte de Santa Catarina tem passado por profundas transformações ao longo das últimas décadas, com o crescimento urbano e a ocupação desordenada impactando diretamente os ecossistemas locais. Mas como essa mudança afetou a biodiversidade?

Essa é a questão central do estudo "Aves dos remanescentes florestais e ambientes com influência marítima em Itapema e Porto Belo", recém-publicado na Revista CEPSUL - Biodiversidade e Conservação Marinha, pelos pesquisadores Carlos Eduardo Zimmermann e Vanessa Dambrowski. O artigo apresenta um levantamento detalhado das espécies de aves que habitavam a região desde os anos 1980 até 2015, período em que a urbanização avançou consideravelmente.

Os pesquisadores identificaram 153 espécies de aves, sendo que 27 delas são endêmicas da Mata Atlântica, um bioma extremamente ameaçado. Destaque para o Nyctibius griseus, encontrado no manguezal do Rio Perequê, e para o Phylloscartes kronei, uma espécie considerada vulnerável em nível global. Além disso, a pesquisa revelou que 58% das espécies registradas estão associadas a ambientes florestais, o que reforça a importância da preservação dos remanescentes da Mata Atlântica.

O estudo não apenas contribui para a ornitologia e a biologia da conservação, mas também é um documento fundamental para entender a História Ambiental da região. Ao comparar os dados coletados entre 1987 e 2015, os pesquisadores revelam como a ocupação humana impactou os habitats naturais e modificou a composição da fauna. É uma região com alta especulação imobiliária, e a perda de áreas de restinga com o crescimento urbano são alguns dos fatores que podem estar ameaçando diversas espécies, alterando a dinâmica ecológica local.


Com base nesses achados, Zimmermann e Dambrowski reforçam a necessidade de planejamento ambiental e criação de corredores ecológicos, garantindo que os remanescentes florestais continuem abrigando a rica biodiversidade da região. A pesquisa serve como um alerta e um convite à reflexão: como podemos equilibrar o crescimento urbano e a conservação da natureza? A resposta pode estar em ações conjuntas entre sociedade civil, pesquisadores e políticas públicas bem estruturadas.

Se você se interessa por conservação, biodiversidade e história ambiental, não deixe de conferir o artigo completo! Clique aqui!

domingo, 16 de março de 2025

A jornada da pesquisa acadêmica: da IC ao TCC no GPHAVI.

No final da graduação, os estudantes enfrentam um desafio fundamental para sua formação acadêmica: a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Essa etapa representa a oportunidade de aplicar os conhecimentos teóricos e metodológicos adquiridos ao longo do curso, consolidando a formação acadêmica por meio de uma pesquisa científica original.

Desde 2004, o Grupo de Pesquisa em História Ambiental do Vale do Itajaí (GPHAVI) tem apoiado estudantes no desenvolvimento de suas pesquisas por meio de iniciações científicas. Ao longo desses 20 anos, diversos alunos deram continuidade às pesquisas iniciadas no grupo e as transformaram em seus TCCs. Dentre eles, destacamos os trabalhos de Martin Stabel Garrote, Nicollas Voss Reis, Juliano João Nazário e Suzana Beatriz Peters, que exemplificam a importância da trajetória acadêmica dentro do GPHAVI. Estes pesquisadores iniciaram sua trajetória propondo ao grupo suas próprias ideias, a partir das quais foi elaborada uma Iniciação Científica na qual participaram:

Martin, estudante de História deu o pontapé inicial na história do grupo ao transformar sua ideia de pesquisa em uma Iniciação Científica, que resultou na criação do GPHAVI. Em 2014, ao concluir a graduação em Ciências Sociais, deu continuidade às suas investigações, realizando uma nova IC e, posteriormente, seu TCC, com pesquisas sobre as interações humanas no entorno do Parque Nacional da Serra do Itajaí.

Nicollas, estudante de História, ao finalizar uma IC no grupo, propôs uma nova pesquisa, focada nas memórias da História Ambiental e na tragédia de 2008 na Rua Araranguá. O aprofundamento desse estudo na Iniciação Científica serviu de base para o desenvolvimento de seu TCC, concluído em 2014.

Juliano, estudante de História, por sua vez, participou de várias iniciações científicas no GPHAVI. Quando decidiu o tema de seu TCC, desenvolveu uma IC sobre a história e a atuação do próprio grupo, ampliando e aprofundando essa pesquisa até sua conclusão em 2021.

O mesmo ocorreu com Suzana, estudante de História, ao longo de sua trajetória acadêmica, desenvolveu pesquisas de IC no grupo. Durante esse processo, estruturou uma investigação baseada na análise do documentário Ser Tão Velho Cerrado sob a perspectiva da História Ambiental. Essa pesquisa inicial foi posteriormente ampliada e consolidada em seu TCC.

Esses exemplos demonstram como a experiência em Iniciação Científica contribui significativamente para o desenvolvimento dos Trabalhos de Conclusão de Curso, permitindo que os estudantes aprofundem seus temas de pesquisa e fortaleçam sua formação acadêmica.


Para registrar a história das pesquisas desenvolvidas no grupo e mostrar a evolução dos estudos ao longo dos anos, organizamos a Linha do Tempo dos Trabalhos de Conclusão de Curso do GPHAVI:

Linha do Tempo dos TCCs do GPHAVI

2007

  • Syyid Kázim Ahimed - Ações antrópicas e os problemas socioambientais no Morro do Spitzkopf durante o século XX e XXI. (História, FURB). Orientador: Gilberto Friedenreich dos Santos. Coorientador: Martin Stabel Garrote.
2008

  • Carolina Francisca Marchiori da Luz - O processo histórico da gestão dos recursos hídricos na Bacia do Itajaí - SC. (História, Universidade Regional de Blumenau). Orientador: Gilberto Friedenreich dos Santos. Coorientador: Martin Stabel Garrote.
2009

  • Ana Cláudia Moser - Sociedade e tecnologia na produção de arroz no Alto Vale do Itajaí-Açu. (Ciências Sociais, FURB). Orientador: Gilberto Friedenreich dos Santos. Coorientador: Martin Stabel Garrote.

  • Marcela Adriani Grandi - História da mineração no Ribeirão Minas de Prata (Blumenau - SC). (História, FURB). Orientador: Gilberto Friedenreich dos Santos. Coorientador: Martin Stabel Garrote.

2014

  • Martin Stabel Garrote - Interações humanas na Floresta Atlântica no entorno do Parque Nacional da Serra do Itajaí: comunidades em Apiúna, Vidal Ramos, Presidente Nereu e Botuverá-SC. (Ciências Sociais, FURB). Orientador: Gilberto Friedenreich dos Santos.

  • Nicollas Voss Reis - Memórias dos conflitos ambientais na comunidade da Rua Araranguá, Blumenau, SC: do processo histórico de ocupação ao desastre socioambiental no ano de 2008. (História, FURB). Orientador: Martin Stabel Garrote.

2018

  • Wilham Zilz - Entre publicações e discursos: a história ambiental na Revista Blumenau em Cadernos (1958-1962/1980-1984). (História, FURB). Orientador: Gilberto Friedenreich dos Santos.

2021

  • Juliano João Nazário - GPHAVI: a contribuição de um grupo de pesquisa para a história ambiental. (História, Universidade Regional de Blumenau). Orientador: Gilberto Friedenreich dos Santos. Coorientador: Martin Stabel Garrote.

2022

  • Suzana Beatriz Peters - Documentário "Ser Tão Velho Cerrado": um estudo da Área de Proteção Ambiental de Pouso Alegre (GO) na perspectiva da História Ambiental. (História, FURB). Orientador: Gilberto Friedenreich dos Santos. Coorientador: Martin Stabel Garrote.

2024

  • Gabriel Henrique Eskelsen - A evolução das políticas ambientais na China e sua inserção no cenário global. (Ciências Sociais, FURB). Orientador: Martin Stabel Garrote.


Participe das Iniciações Científicas e construa sua Trajetória Acadêmica!

Se você é estudante de História ou Ciências Sociais na FURB, não precisa esperar até o final do curso para iniciar sua pesquisa. A partir da quinta fase da graduação, é possível ingressar em projetos de Iniciação Científica e começar a construir sua trajetória acadêmica. No GPHAVI, incentivamos e apoiamos pesquisas que contribuam para a compreensão das relações entre sociedade e meio ambiente.

Venha participar do GPHAVI e dê o pontapé inicial para o seu Trabalho de Conclusão de Curso!

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Reunião em fevereiro sobre Pesquisa FAPESC

No dia 27 de fevereiro de 2025, os pesquisadores do Grupo de Pesquisa em História Ambiental do Vale do Itajaí (GPHAVI) se reuniram no Centro de Pesquisa Histórica (Sala R-109, Campus 1 – FURB) para discutir as estratégias iniciais do projeto recentemente aprovado pelo Edital CP 51/2024 - ACAFE da FAPESC.

Durante o encontro, os professores Gilberto, Carlos, Vanessa e Martin alinharam as primeiras etapas da pesquisa, que tem como foco o desenvolvimento sustentável no entorno do Parque Nacional da Serra do Itajaí (PNSI). Além do planejamento metodológico, foram debatidas formas de integrar a pesquisa às comunidades locais e fortalecer práticas sustentáveis na região. O encontro marcou um passo importante para a consolidação do projeto e reforçou o compromisso do GPHAVI com a produção de conhecimento científico voltado para a sustentabilidade e a preservação ambiental.



📸 Na imagem da postagem, vemos os pesquisadores Gilberto, Carlos, Vanessa e Martin durante a reunião.

🔎 Acompanhe o blog para mais atualizações sobre o andamento da pesquisa!


sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

O que fizemos em 2024?

O ano de 2024 foi marcante para o Grupo de Pesquisa em História Ambiental do Vale do Itajaí (GPHAVI). No início de fevereiro realizamos uma reunião de planejamento, abordando as Iniciações Científicas (ICs) em andamento, estratégias para o desenvolvimento do grupo e a participação no Encontro Estadual de História, incluindo o GT de História Ambiental. Discutimos ações para comemorar os 20 anos do GPHAVI, um marco na história do grupo.

Recebemos a notícia da aprovação do artigo "Apontamentos para uma História Ambiental do Uso dos Recursos Naturais em Botuverá – Vale do Itajaí Mirim (SC)", a ser publicado na revista Geosul até setembro. Em março renovamos o projeto "História Ambiental da Água no Vale do Itajaí (SC) nas Publicações da Revista Blumenau em Cadernos (1980 a 1999)", desenvolvido pela bolsista Beatriz Amália Schneider (Pedagogia) com apoio do programa UNIEDU. O projeto foi concluído em setembro.

O laboratório passou por uma transformação significativa: a sala R-109 foi reformada, tornando-se um espaço coworking no Centro de Pesquisa Histórica, integrando diversos grupos de pesquisa do Departamento de História e Geografia.

Criamos o Instagram do GPHAVI, fortalecendo a conexão com outros pesquisadores e a comunidade. Ao final do ano, alcançamos 178 seguidores, mais de 40 postagens e uma média de 20 visualizações por story. Nosso blog teve mais de 20 mil acessos em 2024, com 63 publicações, consolidando-se como nosso principal meio de divulgação.

Mapa dos acessos de nossas postagens.



A partir de abril o pesquisador Martin avançou em seu projeto de pós-doutorado, que analisa a divulgação científica em redes sociais. Foram iniciados novos projetos no PPGDR, incluindo a investigação sobre a agropecuária no período pré-colonial de Blumenau e Vale do Itajaí.

Embora não tenhamos realizado um evento comemorativo, os 20 anos do GPHAVI foram amplamente divulgados e celebrados. Este marco especial reflete a dedicação de pesquisadores e estudantes que contribuíram para a trajetória do grupo. O GPHAVI nasceu da iniciativa de um estudante, com o objetivo de realizar uma Iniciação Científica. Hoje, o grupo soma mais de 60 projetos de ICs realizados.

No Departamento de História e Geografia, o GPHAVI integra o Projeto Político Pedagógico do curso e é descrito como:

"Um grupo interdisciplinar que se fundamenta em diversas áreas do conhecimento social e ambiental. Seu objetivo é compreender as relações entre sociedade e natureza no âmbito da História Ambiental, em diferentes períodos históricos da região do Vale do Itajaí. O GPHAVI realiza pesquisas e iniciações científicas com base na abordagem teórica da História Ambiental, produzindo estudos que têm a natureza como cenário e fator determinante nos processos históricos da sociedade humana." (p.32)


Assim com está descrito no PPP:


“O GPHAVI – Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí também tem sala própria, localizada no bloco R, número 109, em que se reúnem professores, estudantes e bolsistas de Graduação e Pós-Graduação para elaboração das pesquisas relacionadas com a área à qual o Grupo se dedica” (p.172)

Acesse o documento e confira, clique aqui.

Assim, o grupo colabora com o Departamento e demais grupos de pesquisas dos professores ao sediar e organizar em conjunto o Centro de Pesquisa Histórica, um espaço coletivo para os grupos e estudantes desenvolverem atividades. Esse é um importante legado para as futuras gerações de estudantes, um espaço onde múltiplas dimensões de análise histórica se encontram. Além disso, as oportunidades que o GPHAVI oferece aos estudantes dialogam diretamente com a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Também se alinham ao Parecer CNE/CP nº 14, de 6 de junho de 2012, que aprova as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, e à Resolução CNE nº 2, de 15 de junho de 2012, que estabelece as diretrizes.

A problemática ambiental, presente nas agendas dos movimentos sociais desde o final do século XIX e nas pautas internacionais desde a década de 1970, coloca o historiador diante de desafios relacionados ao Antropoceno e às novas práticas de comportamento sustentável. Nesse contexto, as atividades do GPHAVI, associadas ao curso de História, integram-se às agendas ambientais e aos Objetivos do Milênio, contribuindo para um desenvolvimento mais sustentável.

A celebração dos 20 anos do GPHAVI representa mais do que a consolidação de um polo de desenvolvimento da História Ambiental na região do Vale do Itajaí, Sul do Brasl. Ela simboliza um espaço de aprendizado, onde estudantes e pesquisadores produzem conhecimentos que, além de enriquecerem o campo acadêmico, promovem uma política de mudanças e transformações sociais, e uma marca importante no desenvolvimento da História do próprio curso da FURB.

A partir de junho desenvolvemos dois projetos para o edital FAPESC, sendo um pelo edital universal e outro para fomento de grupos de pesquisa de IES da ACAFE. Em agosto, homologamos a inscrição do projeto "O Desenvolvimento Econômico Sustentável na Região do Entorno do Parque Nacional da Serra do Itajaí (PNSI)" , que em setembro foi aprovado, garantindo recursos da FAPESC e FURB e o desenvolvimento do projeto até 2026. Já o Universal não aprovamos.

Foram iniciadas novas ICs, como: "História Ambiental da Agropecuária no Vale do Itajaí (SC) nos Séculos XVIII e XIX", no âmbito do projeto coordenado por Gilberto. "A Divulgação Científica de História Ambiental nas Redes Sociais", envolvendo estudantes do Ensino Médio. Concluímos o projeto de IC "Uma Abordagem Interdisciplinar no Estudo da Água na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu (SC)", com a participação das estudantes Beatriz da Cruz Pinheiro, Victória Haina Bachmann e Larissa Warmeling. O trabalho foi apresentado na 18ª MIPE FURB em setembro.

Ainda em agosto Gilberto representou o grupo com sua participação no GT de História Ambiental no Encontro Catarinense de História da ANPUH. O professor também fez parte da comissão organizadora e do comitê científico. Em setembro, o artigo "Apontamentos para uma História Ambiental do Uso dos Recursos Naturais em Botuverá" foi publicado na revista "Geosul”. E tivemos uma excelente participação das bolsistas Beatriz da Cruz Pinheiro, Victória Haina Bachmann e Larissa Warmeling na 18ª MIPE FURB.

Até final do ano, muitas atividades de reuniões presenciais e remotas desenvolveram as ICs, mas ainda, para finalizar o ano com chave de ouro, a Participação de Suzana Beatriz Peters e Martin Stabel Garrote no V Encontro Virtual de Grupos e Laboratórios de Pesquisa de História Ambiental do Brasil, apresentando pesquisas e fortalecendo parcerias nacionais.

O ano de 2024 foi repleto de desafios e conquistas. Celebramos 20 anos de história, consolidamos nossa presença acadêmica com novas publicações, projetos e parcerias, e avançamos no diálogo entre História Ambiental e as agendas de sustentabilidade. O GPHAVI segue como um espaço interdisciplinar que une estudantes e pesquisadores, promovendo o entendimento das relações entre sociedade e natureza e contribuindo para o desenvolvimento de práticas mais sustentáveis.

Veja a seguir uma Retrospectiva em quadros.