"Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo".
José Ortega y Gasset

terça-feira, 4 de junho de 2024

Divulgação Científica de História Ambiental e as redes sociais.

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Até pouco tempo atrás, o conhecimento científico costumava ficar limitado a eventos acadêmicos e a livros físicos. Mas com o avanço da internet, tudo mudou radicalmente. A gente nem precisa ser um cientista para se deparar com informações científicas por aí, nas redes sociais. A internet tem sido tipo um tipo de difusor de conhecimento, desmistificando a ciência e levando ela pra todo lado. Assim como uma série de outras informações.

Com os celulares superpoderosos que "todo mundo tem hoje" em dia, a divulgação científica se especializou. Agora, até nas redes sociais a a divulgação científica vem ganhando espaço. A divulgação científica de História Ambiental tem bastante participação em mecanismos da internet, seja em grupos de conversação, sites, repositórios, e agora as redes sociais.

Por exemplo, o GPHAVI começou com um site próprio (que não existe mais) vinculado com a FURB, hoje ele está em http://www.furb.br/gphavi. Além do site oficial, devido a maior autonomia foi criado em 2009 o blog que está em http://gphavi.blogspot.com, além do blog o grupo surfa também no FACEBOOK, e mais recentemente no INSTAGRAM.

Quando em um momento deparei com o avanço dos espaços do grupo, e o blog, por exemplo, atingir mais de 200.000 visualizações, comecei a ficar curioso em relação a capacidade que esses mecanismos, como as redes sociais, tem em relação a divulgação científica em História Ambiental. É uma ideia que vamos desenvolver em próximas ICs, entender de que forma, pelo menos no Brasil, a História Ambiental vem ocupando o espaço na internet.

Em minha pesquisa recente, para fins de melhor entendimento do assunto para escrever o projeto de IC,  encontrei o livro "Cultivating the Spirit of the Commons in Environmental History: Digital Communities and Collections" de 2016 (https://doi.org/10.4324/9781315665924). Este livro, que aborda uma variedade de temas dentro da História Ambiental, e inclui um capítulo específico que trata da interseção entre História Ambiental e a Internet.

Dentro da seção do livro, destaco o estudo "Online Digital Communication, Networking, and Environmental History" de Sean Kheraj e K. Jan Oosthoek. Não tive acesso ao texto na integra, mas lendo o resumo já notei que o estudo oferece uma excelente reflexão sobre a evolução das tecnologias digitais e sua influência na comunicação e networking em história ambiental. Os autores afirmam que as ferramentas online têm contribuído significativamente para o avanço do campo da história ambiental, tornando-o mais acessível e interconectado.

Vou colocar o resumo traduzido aqui:

Em 23 de Janeiro de 1996, o Professor Dennis Williams da Southern Nazarene University declarou: “Hoje começa uma nova época [para] todos nós que temos discutido a história ambiental electronicamente durante os últimos anos.” Esta foi a primeira mensagem enviada para a lista de e-mail H-ASEH (mais tarde renomeada como H-Environment), agora há mais de vinte anos. H-ASEH foi o sucessor da lista de e-mail ASEH-L anterior que Williams iniciou em 1991. Embora alguns historiadores ambientais já tivessem se comunicado em redes de computadores menores e fechadas no passado, o advento das listas de e-mail e do consórcio H-Net foi o início da ampla comunicação digital online e networking entre estudiosos de história ambiental. Nas duas décadas desde que Williams postou aquela primeira mensagem, o digital online as tecnologias abriram novos caminhos para a comunicação de resultados de pesquisas e o desenvolvimento de redes de pesquisa entre historiadores ambientais. Na verdade, os historiadores ambientais têm sido líderes na utilização de tecnologias de comunicação digital online nas humanidades ambientais. Como Cheryl Lousley (2015, p. 3) escreveu recentemente: “Entre os estudiosos das humanidades ambientais, são os historiadores ambientais que têm sido mais hábeis em reconfigurar a investigação e a comunicação académica à luz das possibilidades digitais emergentes”. Este capítulo examina as mudanças no uso das tecnologias digitais on-line para comunicação e networking na comunidade de pesquisa em história ambiental. Oferece um levantamento da história das atividades de história ambiental on-line e um retrato dos usos contemporâneos de tais tecnologias. Essas tecnologias influenciaram os estudos no campo da história ambiental de várias maneiras importantes. Em primeiro lugar, facilitaram o desenvolvimento e o crescimento de redes académicas regionais, nacionais e internacionais. Em segundo lugar, alargaram o alcance dos resultados da investigação em história ambiental, tornando esta investigação acessível a comunidades fora da academia, incluindo educadores, decisões políticos, jornalistas e públicos de história pública. Finalmente, os historiadores ambientais começaram a utilizar tecnologias digitais online para o desenvolvimento de novas formas de publicação académica.

Fonte:https://www.taylorfrancis.com/books/edit/10.4324/9781315665924/methodological-challenges-nature-culture-environmental-history-research-jocelyn-thorpe-stephanie-rutherford-anders-sandberg?refId=bc5dd665-ed43-4118-96a3-8c7646bf14c4&context=ubx


Em resumo, a divulgação científica de História Ambiental na internet cresce nas redes sociais, provocando, não só maior alcance das pesquisas, como também promove uma cultura de colaboração e compartilhamento que é vital para o avanço do campo. A integração de ferramentas digitais e a adoção de uma "cultura de coletividade" são passos essenciais para conectar pesquisas dispersas, envolver um público mais amplo e garantir que o conhecimento ambiental seja utilizado para informar e melhorar as decisões humanas frente ao ambiente.

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