Hoje vamos conversar sobre como realizar pesquisas de História Ambiental em áreas de Unidades de Conservação, utilizando como base as técnicas da História Oral como uma ferramenta poderosa para resgatar memórias e reconstruir as relações entre da sociedade no ambiente.
Como sabemos, História Ambiental é um campo que busca compreender a interdependência entre os seres humanos e a natureza ao longo do tempo. A ideia é perceber como a sociedade influencia o ambiente e como o ambiente, por sua vez, influencia a sociedade. É uma forma de olhar para a história considerando a dimensão ambiental no desenvolvimento humano. E isso não envolve só as grandes mudanças globais, mas também o impacto local, nas comunidades que vivem e dependem diretamente dos recursos naturais. Agora, imagine aplicar esse tipo de pesquisa em Unidades de Conservação, como parques nacionais e reservas naturais. Esses locais, que hoje têm a função de proteger o meio ambiente, nem sempre foram vistos assim. Muitas vezes, antes da criação dessas áreas protegidas, comunidades inteiras já viviam lá, e suas histórias de interação com a natureza são fundamentais para entender como a paisagem mudou ao longo do tempo, e da mesma forma a importância que essas áreas possem com serviços ecossistêmicos para a manutenção da vida humana.
Queremos, com este texto, compartilhar os procedimentos metodológicos que utilizamos para realizar um estudo de História Ambiental com o uso da Memória Ambiental e o envolvimento de populações do entorno de uma Unidade de Conservação. Baseamo-nos nos métodos aplicados no estudo que discutimos na postagem anterior (clique aqui ara ver), e pretendemos aqui apresentar um pequeno guia ou manual, mas no formato de uma conversa, de um relato de experiência. É algo simples na sua execução, mas que gerou resultados significativos para compreender a história local. A ideia é que, com este relato, você possa utilizá-lo nas suas próprias pesquisas de História Ambiental com comunidades no entorno de Unidades de Conservação, adaptando conforme suas necessidades.
Como nas pesquisas documentais pouco encontramos sobre o desenvolvimento das comunidades que entornam a UC, percebemos que para nosso caso, o método mais eficiente para captar histórias e memórias sobre o desenvolvimento e a interação das comunidades com o meio ambiente foi através de entrevistas, e nelas imitamos algumas técnicas do método da História Oral. Existem muitas formas praticadas desde a antropologia até mesmo pelos historiadores. Há uma Associação Brasileira de História Oral, com eventos e norteando o paradigma dessa área. Conforme fomos aplicando as práticas, fomos constatando e adaptando a forma de fazer, desde a organização do ato da entrevista, dos procedimento legais, e a organização da fonte histórica após a entrevista, no seu processo de transcrição e tradução e retorno com o entrevistado.
As entrevistas que realizamos mostram memórias pessoais e coletivas, que ajudam a documentar experiências que, muitas vezes, não estão registradas em fontes escritas ou oficiais. A prática da História Oral no campo de pesquisa de História Ambiental permite resgatar histórias de vida, práticas culturais, percepções sobre o meio ambiente e mudanças na paisagem ao longo do tempo. É uma ferramenta poderosa para compreender como as comunidades locais interagiram com o ambiente, como ele foi transformado e quais as consequências dessas transformações.
Neste texto vamos explorar como realizar uma pesquisa de História Ambiental em espaços geográficos como os territórios de UCs, mostrando a partir de nossas experiências alguns procedimentos que podem ajudar os colegas a desenvolverem seus estudos, ou se aventurarem como nós! Discutiremos desde a preparação e condução das entrevistas, até a análise das memórias coletadas, proporcionando uma visão clara de como este método pode ser aplicado para entender a relação entre sociedade e natureza ao longo do tempo.
Para começar, é fundamental delimitar a área de estudo. Vamos supor que você está interessado em pesquisar um lugar como o Parque Nacional da Serra do Itajaí, em Santa Catarina, que foi o que fizemos. Este parque é uma área imensa, com cerca de 57 mil hectares, que abrange diversos municípios, como Apiúna, Botuverá e Blumenau etc. Então, dependendo do tamanho do território da UC, a primeira coisa a fazer é definir qual porção dessa área ou quais comunidades do entorno você vai investigar.
Além disso, antes de ir a campo, é essencial realizar uma revisão da literatura. Isso significa ler tudo o que já foi produzido sobre o local, como estudos prévios, planos de manejo, ou até mesmo documentos históricos. Esse passo é importante porque ajuda a identificar o que já foi dito sobre a região e quais lacunas ainda precisam ser preenchidas. É nesse momento que você começa a formular as perguntas que vai levar para o campo, e ajudarão no processo de entrevista. Muitas destas perguntas criamos a partir do que constatamos com a literatura e conforme as três dimensões de Donald Worster (Para saber sobre isso clique aqui!).
Outra coisa importante, principalmente em pesquisa (acadêmicas, ou prestando serviços a terceiros ou órgãos públicos), é formar uma equipe interdisciplinar. Pesquisas de História Ambiental costumam envolver várias áreas do conhecimento. Então, além de historiadores, pode ser muito útil ter biólogos, geógrafos, sociólogos e antropólogos trabalhando juntos. Essa diversidade de olhares vai enriquecer o estudo, garantindo que você consiga entender as múltiplas dimensões das interações entre sociedade e natureza.
No caso de nossas experiências no GPHAVI buscamos associar Ecologia (pesquisadora Vanessa), Geografia (pesquisador Gilberto), História (eu, pesquisador Martin). Mas quando isso não é possível, é importante um olhar interdisciplinar. O conhecimento prévio sobre alguns temas ajudam, e o historiador deve adquirir o hábito de realizar leituras, e se habituar a conceitos e termos das ciências naturais, pois precisará disso para entender os quadros naturais e suas relações com o desenvolvimento humano, sendo o desenvolvimento humano a história em produto, como na segunda dimensão de Donald Worster.
Após definir o espaço e conhecer o espaço no gabinete de pesquisa, está na hora de planejar as atividades de campo. O campo é fundamental nas pesquisas de História Ambiental de Unidades de Conservação. Existem inúmeras ferramentas web para gerar mapas para traçar o campo, e conhecer as localidades que serão estudadas. Nesta ocasião do primeiro campo conhecer o local também remete em abordar os moradores, para saber quem são os moradores que vivem a mais tempo no local, e começar a identificar sujeitos históricos do local, e com isso começar a pensar em identificar os entrevistados. Como estamos falando de História Ambiental, é importante encontrar as pessoas mais antigas das comunidades, aquelas que vivenciaram as mudanças mais marcantes na paisagem. Para localizar essas pessoas, uma boa prática é usar a técnica de “rede”. Funciona assim: você entrevista alguém e, no final da conversa, pergunta se ele ou ela pode indicar mais pessoas para serem entrevistadas. Aos poucos, vai se formando uma rede de entrevistados, que geralmente compartilham memórias valiosas sobre o passado da região. Outras técnicas mais ousadas incluem identificar entrevistados com visitas a festas locais, eventos religiosos, bares e pontos de encontros para começar a interação e pensar a rede de entrevistas.
Depois de identificar os entrevistados, é hora de conduzir as entrevistas. O ideal é que essas entrevistas sejam abertas, permitindo que as pessoas contem suas histórias com liberdade e sem muitas interrupções. No entanto, é importante seguir um roteiro para orientar o processo. No nosso caso, baseámo-nos nas dimensões propostas por Donald Worster, mas você pode ampliar seu conjunto de perguntas. Ressaltamos que, em alguns casos, as respostas surgem de forma automática, e certas perguntas podem não ser adequadas naquele momento. De qualquer forma, aqui estão alguns temas importantes que você pode abordar:
- História de Vida: Comece pedindo para o entrevistado contar sobre sua vida, de onde ele veio, como era sua infância, como a comunidade foi mudando ao longo do tempo.
- História do Ambiente e da Comunidade: Pergunte sobre a história local, quem eram os primeiros habitantes (se falarem de indígenas amplie esses questionamentos) como as pessoas se instalaram ali, por que vieram, os motivos. Pergunte sobre quantidade de famílias, as mais antigas do local, procure saber os momentos de fluxo de mudanças de demografia, e os motivos ao longo do tempo da comunidade. Também aproveite para saber de lendas locais podem aparecer reações com a natureza, pergunte sobre as atividades cotidianas da vida e como ela foi se modificando buscando entender os fatores. Aproveite para questionar sobre informações do passado da paisagem antigamente, quais animais e tipos de árvores existiam e hoje não mais, e quais mudanças ocorreram no ambiente.
- A exploração do ambiente e práticas agropecuárias: Questione sobre a exploração da floresta, se haviam empresas, e como era feita a exoração, as técnicas e tecnologias, assim como quais eram as principais espécies e de que forma a exploração modificou a paisagem. Questione sobre os usos dados a exploração da floresta, os usos da madeira e outras coisas que venham a surgir na conversa. Tente saber se existiam outras atividades extrativistas, e busque conhecer suas histórias. É importante saber como a floresta foi usada ao longo do tempo. Pergunte sobre as árvores cortadas, o uso da madeira e a comercialização de recursos naturais, como o palmito e o xaxim. Questione sobre as práticas agrícolas da comunidade. Quais eram as áreas escolhidas, e por que faziam as escolhas dos locais, como era o desmatamento, o que se fazia com a madeira retirada, havia exploração de carvão, comercio de lenha. Questione o tipo de cultivo era feito, as técnicas e tecnologias utilizadas, e como elas mudaram com o tempo. Interrogue sobre o impacto dessas práticas no meio ambiente. Pergunte sobre a criação de animais, como é a forma que era realizada e modificou com o tempo. Sobre modificações, doenças, pragas etc.
- Caça e Pesca: É importante perguntar sobre a relação com a fauna local. Como as pessoas comiam carne antigamente, para conhecer as histórias de caça, e os animais caçados ou pescados, e como isso mudou ao longo do tempo. Da mesma forma inter-relacione com as modificações da paisagem, como a quantidade de água dos rios.
- Percepção sobre a Unidade de Conservação: Por fim, questione sobre a criação do parque ou da reserva e como isso afetou a vida da comunidade. Houve resistência? A área protegida trouxe mudanças no cotidiano ou nas práticas econômicas? Pergunte o que mudou, e tente retirar da percepção dos entrevistas se com a UC houve melhorias nas condições de vida da população humana, assim como resiliência da floresta, até mesmo mudanças de hábitos, como diminuição da caça, ou do corte da floresta.
No levantamento de informações no campo é essencial documentar tudo. Grave as entrevistas, tire fotos, faça anotações para lembrar dos fatos. Lembre-se sempre de pedir autorização dos entrevistados para gravar as conversas e usar as informações em seu estudo com temos de consentimento e uso de imagem e vídeo. Caso a pesquisa seja institucional, feita por uma Iniciação Científica, ou vinculada a alguma instituição é fundamental regular a entrevista no Comitê de Ética da instituição, que dará as informações de como proceder para legalizar o processo de pesquisa científica com humanos.
As memórias coletadas são como fragmentos de um quebra-cabeça. Cada pessoa traz sua perspectiva única sobre a relação com a natureza, e é a soma dessas narrativas que vai te ajudar a compreender como a paisagem foi moldada ao longo do tempo. Além disso, a abordagem da História Oral permite captar também o lado simbólico da interação com a natureza, algo que documentos escritos nem sempre conseguem registrar e se enquadram na terceira dimensão de Donald Worster.
Uma importante dica para observar durante o processo de estabelecimento da rede de entrevistas e seus procedimentos. Um dos pontos mais interessantes da História Oral é o conceito de memória coletiva. Ou seja, ao cruzar as informações de várias entrevistas, você começa a perceber padrões, elementos comuns que mostram como a comunidade, como um todo, vivenciou determinadas mudanças ambientais. Depois de uma entrevista bora transcrever, não espere, a sua memória de coletar a entrevista e de transcrever poderá te trazer informações importantes para responder os objetivos da pesquisa. Nesse processo, você também vai identificar as vantagens e limitações da História Oral. Por um lado, ela permite resgatar informações que muitas vezes não estão em nenhum documento oficial. Por outro, as memórias podem ser subjetivas e variar de pessoa para pessoa, o que exige uma análise cuidadosa. E a constante análise das entrevistas, com a identificação de memória coletiva favorece ao pesquisador focar-se nos pontos fundamentais e não se deixar enganar. Outro ponto importante é conectar as memórias coletadas com o contexto histórico mais amplo. Isso significa colocar as experiências individuais dentro do panorama das transformações ambientais da região, como o desmatamento, a criação da UC e as políticas de preservação. E caso surjam fotos, notícias de jornais, explore elas e a relação histórica.
Vamos analisar alguns exemplos de relatos coletados:
“Eles vieram por conta própria. Aí vieram uma família com três, quatro filhos, ou já casado irmãos né, então já vieram e já colocaram ali né. Então o Gianesini veio aqui e Tamazia lá. Eles vieram pelo rio de Itajaí, sempre pelo rio, pelo rio Itajaí Mirim. [...] Entravam em acordo, o outro era cunhado ou parente né, então eles diziam: “tu pega daqui pra cá, que eu pego daqui pra lá.” E já botavam um marquinho ali e coisa e pronto. Eles mesmos não foram, não foram nada medidos pro agrimensor nem nada, depois mais adiante talvez, nem essas terras aqui nunca colocamos agrimensor, como foi do avô, de pai para filho, sempre foi respeitado esses marcos ali, como os velhos antigamente. [...]Então a gente sempre desbravou aqui né, e viveu aqui né, com o fumo e tudo.” (GIANESINI,I. 2008: 2)
Nessa passagem é possível perceber a ênfase na admiração de fazer parte de uma família que ao “desbravar” a região construiu sua vida, ao mesmo tempo em que construiu a história da comunidade. Esse tipo de relato possibilita a compreensão de elementos fundamentais para o desenvolvimento da comunidade como a divisão dos lotes nas áreas de várzeas e próximas ao rio, e próximas umas as outras, que distribuídos dessa forma facilitavam o acesso a água, ao transporte através das picadas e também facilitava a troca de produtos e serviços entre os vizinhos. O relato também demonstra a importância do fumo para as comunidades, aparecendo no relato como uma característica importante na forma de vida da família.
Outro relato expõe as dificuldades enfrentadas nas comunidades com o plantio dessa modalidade de agricultura, o fumo. Também se torna visível como o entendimento das técnicas de plantio possibilitaram a padronização e o sucesso do cultivo:
“Antigamente jogava (as sementes) na terra, mas hoje não. A gente fazia um canteiro bem caprichado, bem esterilizados para não sair capim se não matava a semente, mas hoje não, hoje já é feito tudo em sementeira com bandeja dentro da água. [...] E depois na terra, ali tinha os canteiros né, vinham às mudinhas, aí depois a gente começava a arrumar a terra, ali era virado com o cavalo, arado de cavalo, depois gradeada com os cavalos, depois fazia os carreiros, botava adubo, semeava o adubo, depois fazia o carreiro tampado, fazia assim as covas né, mas bem retinhas, depois a gente tinha que cultivar né, e depois a gente ia plantando, a gente ia plantando, plantando a mudinha. E depois quando era para cultivar a gente cultivava, botava adubo de novo, botava salitre de novo para ele poder vir. [...] Colhia, amarrava. Tudo a mão. [...] A gente colocava aqui, apanhava e colocava aqui, quando tinha o braçado botava na zorra, ali no outro carreiro tinha a zorra com o cavalo que passava ali a gente colocava na zorra, depois carregava para casa. Depois carregava a zorra para casa, colocava a zorra de debaixo da estufa e todo sujo, todo melado, molhado do sereno, porque a gente ia bem cedo, por causa que depois vinha o sol onde era ruim, colocava debaixo da estufa, ali nós tinha os cavalete com as varas, botava as varas em cima, um dando na mão duas folhas, duas em duas e amarrava, e botava nos estaleiros, os estaleiros, sabe como é o estaleiros. Ali quando terminava que tinha trezentas, quatrocentas varas de fumo aí então colocava na estufa, ali depois acendia o fogo para amarelá-la e depois três ou quatro dias” (FACHINI, 2008, p. 3-4).
A percepção dos entrevistados sobre a natureza e a preocupação com os usos e a conservação pode ser percebida nos relatos a seguir:
“Aqui eu me cansei de ver a anta, e aqueles veados [...] a anta é sempre o casal. E depois tinham aqueles veados, aqueles veados de mato, então eles vinham pela água afora né, vinham pela água afora e vinha e batia na lagoa, aí estava lá o veado com aqueles galhões, eles iam lá, o que deixavam ir embora, se não eles iam lá com uma faca ou com um machado e matava ele lá na beiradinha do rio. [...]Todo mundo tinha (caça). Ali eles maneiravam, eles maneiravam para ter, para não exagerar. Tinha Jacopemba, jacu, jacu, macuco. Caçava só no inverno. Porque agora, agora para a frente, todo o passarinho, todo o passarinho está botando ovo, chocando, botando ovo... até abril, maio. [...]Sim só que tem cuidar também né. Se por acaso é dedado, no caso é dedado, vai lá a Polícia Ambiental ele tem direito a ir no freezer, vai no freezer se estiver um tatu, uma carne de veado ou paca ou cotia. Fiança não tem, é gaiola e tem que responder processo a vida toda, tem gente aqui que tem dar um sacolão para uma instituição todo mês, se não quer ficar na gaiola. Sim e pagou três, quatro mil de fiança, até mais”
(GIANESINI, 2008, p. 10).
Sobre a pesca e os rios este relato evidenciam muitas informações:
“Tinha (muitos peixes) é porque sumiu muito peixe do rio. Era o cascudo, era só o cascudo que tinha no rio, só o cascudo e depois tinha outros peixes, mas o cascudo é o melhor né. Hoje em dia ninguém mais pesca está muito poluído. [...] Tinha mais (água) sim. Se desse uma chuva como deu na semana passada o rio estava nas praias hoje. Porque a gente passava no rio de carroça, mas não era sempre que dava para passar, hoje ficam anos e anos, se tivesse que passar ainda” (FACHINI, 2008:7).
Depois de coletar e analisar as entrevistas (áudio e transcrição), além das demais fontes rpimárias e secundárias sobre o território, você vai estar pronto para construir a História Ambiental da região estudada. A pesquisa não vai apenas trazer à tona como a paisagem foi transformada, mas também ajudar a entender como as interações entre sociedade e natureza moldaram a vida local.
E mais do que isso, esse tipo de estudo pode oferecer contribuições práticas para a gestão das UCs. Por exemplo, os órgãos responsáveis pela administração de parques e reservas podem usar as informações para desenvolver políticas mais alinhadas às realidades das comunidades locais. Isso pode incluir desde o envolvimento da comunidade em ações de preservação até o reconhecimento de práticas tradicionais que podem ser adaptadas para proteger o meio ambiente.
Um exemplo interessante de estudo, no qual fundamentamos este texto, e tratamos também na opstagem anterior, é o caso das nossas experiências de pesquisa no Parque Nacional da Serra do Itajaí entre 2004 e 2009. Com o GPHAVI (Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí) realizamos várias pesquisas usando a História Oral com as comunidades do entorno do parque. Foram entrevistados moradores antigos das 9 cidades em que o parque possui território. A partir dessas entrevistas, conseguimos entender como a floresta foi usada ao longo dos anos, desde a extração de madeira até a criação de gado, exploração mineral, e muito mais. As entrevistas revelaram um rico acervo de memórias sobre a vida na Floresta Atlântica antes da criação do parque, e mostraram como a conservação pode impactar essas comunidades.
Então, para quem deseja estudar a História Ambiental em áreas de conservação, o uso da História Oral é uma ferramenta poderosa. Ela não só resgata memórias que muitas vezes são esquecidas, mas também oferece um entendimento mais profundo das relações entre a sociedade e o meio ambiente. É um método que nos ajuda a preencher lacunas da historiografia e, ao mesmo tempo, valoriza as experiências e o conhecimento das comunidades locais.
Se você está planejando esse tipo de pesquisa, espero que este texto guia tenha sido útil para dar os primeiros passos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário