O artigo escrito por Nathália Moro, Anelisa Gregoleti e Christian Fausto dos Santos propõe uma reflexão interdisciplinar e pedagógica sobre o papel da História Ambiental no contexto educacional contemporâneo. Segundo os autores, a proposta da História Ambiental é “redefinir a perspectiva histórica convencional”, promovendo análises que integrem as dimensões políticas, sociais, culturais e ambientais.
Essa abordagem, ainda rara nas escolas e pouco explorada na formação docente, tem o potencial de aproximar os estudantes da compreensão de que o ser humano é parte integrante dos ecossistemas — ideia reforçada com a citação de Clive Ponting:
“Os seres humanos também fazem parte dos ecossistemas terrestres, mesmo nem sempre estando conscientes desse fato e de suas implicações.” (Ponting, 1995, p. 43)
O artigo resgata autores clássicos e contemporâneos — como Marc Bloch, Fernand Braudel, William Cronon e Alfred Crosby — para demonstrar como a História Ambiental surgiu como reação à visão humanocêntrica da história, que separava sociedade e natureza. A crítica de Donald Worster aparece como central, especialmente ao destacar que:
“A História Ambiental rejeita a premissa convencional de que a experiência humana teria se desenvolvido sem restrições naturais.” (Worster, 1991, p. 199)
O estudo também enfatiza que a História Ambiental exige uma abordagem temporal mais ampla, que inclua não apenas o tempo histórico, mas também o tempo geológico, com suas dinâmicas ecológicas, climáticas e biológicas. Os autores defendem que a adoção da História Ambiental no ensino pode contribuir significativamente para a formação de uma consciência ecológica crítica. Isso passa, necessariamente, pela superação da fragmentação entre disciplinas escolares — sobretudo entre as ciências humanas e naturais.
Para isso, propõem uma educação que situe os estudantes não apenas no tempo, mas também no espaço, ou seja, que integre as paisagens, os biomas e as marcas da ocupação humana aos conteúdos escolares. Um exemplo é a Mata Atlântica, que apesar de sua importância histórica e ambiental, é muitas vezes invisibilizada no ensino de História. Como destacam os autores:
“Devido à intensa exploração, resta apenas 5 a 12% da Mata Atlântica, principalmente em pequenos fragmentos florestais.” (Ferrão, 1992; Dean, 1996).
A pesquisa finaliza enfatizando que a História Ambiental, quando integrada ao ensino, pode ser um poderoso instrumento de Educação Ambiental, por meio da articulação entre teoria, pesquisa e práticas pedagógicas. É preciso, segundo os autores, que o ensino leve os estudantes a compreenderem que as ações humanas do passado moldam o presente — e comprometem o futuro. Assim existe uma urgência de uma educação comprometida com a sustentabilidade, capaz de formar sujeitos críticos, conscientes e atuantes. A sustentabilidade, portanto, é apresentada como um eixo transversal e necessário para uma pedagogia do presente e do futuro.
“Tecendo conexões sustentáveis” é um texto fundamental para educadores e pesquisadores que desejam compreender o potencial formativo da História Ambiental. Ao integrar teoria, crítica e propostas didáticas, o artigo convida à reflexão sobre como ensinar História de forma ambientalmente consciente e socialmente engajada.
📘 Autoras: Nathália Moro, Anelisa Mota Gregoleti e Christian Fausto Moraes dos Santos
📍 Publicado em: Revista Educação e Saber – REdeS, v. 2, edição especial dos Anais do II Seminário Internacional sobre Educação e Desenvolvimento Regional (2025), p. 47–56.
🔗 DOI: 10.24302/redes.v2ianais.5161