"Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo".
José Ortega y Gasset

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

História do Morro do Cachorro: Natureza na Revista Blumenau em Cadernos

Iniciaremos a divulgar análises de textos/artigos publicados na Revista Blumenau em Cadernos, e nesta primeira edição analisaremos o artigo "História do Morro do Cachorro", que foi publicado no nº10 do Tomo XIV, páginas 193-194, revista de 1973. 

O texto é uma reprodução relativa à nota de autoria de G. Artur Koehler, que foi diretor do periódico Der Urwaldsbote, e publicou essa história no seu jornal, no número 5 de 29 de junho de 1905.

Conforme Koehler, o Morro do Cachorro é uma elevação de destaque na paisagem de Blumenau, sendo a terceira maior elevação do território. Também foi chamado Morro Dna Carolina Jensen, terras que pertenciam a esta família. O local era de difícil acesso, e não havia estrada como a que existe hoje devido o sistema de antenas de transmissão. 

No texto é possível identificar alguns elementos da paisagem da época:

"[...] do cume desse morro, situado na divisa entre Blumenau e Gaspar, descortina-se uma visão maravilhosa de todo baixo Itajaí, vendo-se em dias claros, muitas das localidades da região, como Brusque, Ilhota, Luiz Alves, Itajaí, as praias litorâneas desde Barra Velha e Porto Belo [...] Dê lá de cima, diante daquela paisagem estonteante, pode-se também, ter uma ideia exata da topografia de todo o vale, que não passa de uma sucessão de elevações, algumas formas exóticas ou bizarras, e de estreitas várzeas agriculturáveis  cortadas de inúmeros pequenos rios e riachos, pontilhada de povoações, com suas igrejinhas brancas pondo no verde do ambiente uma nota de bucolismo e de poesia [...] mas nos tempos da colonização, e nos princípios desse século ( referindo-se ao XX) galgar aquela elevação era uma verdadeira aventura. Era uma tarefa de autêntico alpinismo, pois as encostas do morro são bastante ingrimes e a subida a pé, pela floresta quase impenetrável, é cheia de percalços de difícil transposição"

É possível destacar destes trechos citados uma descrição do vale do Itajaí, da sua formação geográfica ondulada, repleta de montanhas e vales. E nas várzeas aglomerados humanos, com uma paisagem de uso do solo destacada. Também demonstra elementos da paisagem do morro, que possuía densa floresta, pois foi visualizada como impenetrável. 

A história segue e conta como o morro ganha esse nome. Conforme nos conta Koehler, em 1875 uma expedição comandada por  Felippe Volles resolve subir o destemido morro. No texto alguns detalhes da natureza do morro são citados referindo-se a subida do grupo "[...] Foram progredindo com muito esforço, firmando o pé nos inúmeros pedrouços, nas saliências das raízes e agarrando-se aos anosos troncos da densa vegetação [...]"  

Na companhia de Volles estava Júlio Sametzki, alferes de Dr. Blumenau, e que possuía uma cadelinha que sempre o acompanhava.  Nesta expedição a cadela ficou em casa, mas escondida de seu dono resolver segui-lo. Quando a expedição estava na metade do caminho, por surpresa do grupo a cachorrinha apareceu. O grupo resolveu leva-la junto, pois para descer do morro daria muito trabalho. O fato é que a cadela estava prenha, a ao chegarem no cume do morro ela entra em parto e faz nascer quatro lindos cachorrinhos. O grupo decidiu matar os filhotes pois não haveria como desce-los e a cachorrinha foi levada no colo por um dos colonos participantes. A história ganhou bocas e o morro da Dna Carolina Jensen foi sendo chamado de Morro dos Cachorros, e hoje apenas de Morro do Cachorro.

Fonte: A HISTÓRIA DO MORRO do cachorro. Revista Blumenau em Cadernos, n.10, Tomo XIV, p.193-194, 1973.

2 comentários:

ramon 170398 disse...

Eu acho que o google Earth colocou o nome da cidade errado

Eleonésio disse...

Olá Ramon, eu vi sua resposta, na realidade não errou, o topo do morro é em Luis Alves e um pouco para baixo do topo esta a divisa de Blumenau/Gaspar/Luis Alves, onde as 3 cidades se encontram.Na época da referida expedição Luis Alves nem sonhava em existir, oficialmente a parte de LUis Alves iniciou em 1876. Mas era parte do que hoje é Gaspar.