"Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo".
José Ortega y Gasset

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Curiosidades da História Ambiental na Antiguidade

O Nilômetro e o cálculo de impostos no Antigo Egito

Por Kahina  Thirsa Hostins

(Estudante de História, bolsista PIPe Ar. 170 - E-mail)



O Nilômetro foi um recurso utilizado durante a história do Antigo Egito. Consistia de um poço  largo, com uma escada interna que descia até o lençol freático, construído de pedra, em vários pontos ao longo do Nilo. Por meio desse poço, era possível verificar, as flutuações das águas e medir o nível da cheia que estava por vir, e consequentemente, possibilitava o cálculo sobre a extensão de terras a ser alagada pelo rio em sua cheia.
As enchentes do Vale do Nilo ocorriam anualmente entre os meses de julho a outubro e organizavam o calendário agrícola da população. Era por meio da água e do húmus carregado pelo rio Nilo e depositado nas terras às suas margens durante sua enchente, que a terra se tornava fértil e agriculturável. As enchentes do rio eram vistas pelos egípcios como a vinda do deus Hapy, divindade que trazia a fertilidade às “duas terras”.
Mas nem tudo era benéfico em relação às cheias do rio Nilo, se a enchente fosse pequena, a faixa de terras irrigadas seria menor, as colheitas seriam menos ricas, e portanto, poderia seguir-se de um período de fome e  desestabilizatividade. Caso a enchente fosse muito forte, poderia prejudicar as construções como diques, barragens e canais, bem como a faixa de terra irrigada poderia se estender além do costumeiro. Numa cheia muito grande, a água também levaria mais tempo para escoar, o que diminuiria o tempo para o preparo da terra e o plantio.
Assim, o uso do Nilômetro, para medição no nível de flutuações do lençol freático, no inicio do período de inundações, se fazia necessário para que as medidas necessárias de prevenção pudessem ser tomadas.
Além da prevenção, saber o nível da enchente anual poderia ajudar a calcular a qualidade da colheita, possibilitando então calcular, ano a ano, o valor dos impostos, em provisões, que a população deveria pagar ao reino. Como afirmaram Barigelli, Maggini e Sacripanti, “É notável que em uma época tão antiga se tenha estabelecido um único sistema de medição de modo preciso e válido em uma área tão vasta; mas, como eu disse, a importância dessas medições era crucial para a própria sobrevivência do Estado, bem como de seus habitantes, e foi por isso necessária para poder comunicar e interpretar de modo único os dados em diferentes pontos do país”.
Dentre os Nilômetros que existem ainda hoje, há vestígios arqueológicos que remontam, dos mais antigos, do período pré-dinástico, anterior a unificação do reino egípcio, mais de 3000 anos antes da era cristã, e os mais recentes, que estavam ainda em uso durante a conquista árabe, no primeiro milênio desta era.
 
Referências:


BARIGELLI; MAGGINI; SACRIPANTI. Alcune osservazioni sulla costituzione dei gruppi dei dati nell’analisi R/S delle serie storiche. Dipartimento Scienze Sociali “Donatello Serrani” - Facoltà di Economia “Giorgio Fuà” - P.le Martelli, 8, Ancona, n° 20, 227. Disponível em: http://www.finanzaonline.com/forum/attachments/econometria-e-modelli-di-trading-operativo/1134506d1254169834-coefficiente-di-hurst-aiuto-dai-quantitativi-del-fol-1250.pdf. Acesso em: 07 jun 2015.


VIOLLET, Pierre-Louis. Water engineering in ancient civilizations: 5,000 years of history. CRC Press: New York, 2007, 334 p.


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