"Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo".
José Ortega y Gasset

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Imigração, racismo e interculturalidade na América Latina

As transformações provocadas pela globalização têm produzido forte impacto sobre os movimentos migratórios em escala mundial. A constante mudança dos modos de produção e, consequentemente, nos modos de vida, intensificou a mobilidade de imensos contingentes humanos, fenômeno que é facilitado pela evolução tecnológica que possibilita deslocamentos de forma mais rápida. Por outro lado, conflitos armados, regimes ditatoriais e catástrofes climáticas multiplicam as migrações forçadas e as situações de refúgio.
 
A ação de migrar, contudo, é uma das características da espécie humana desde os primórdios. Na contemporaneidade, a migração passou a ser um direito universal, garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948). A mobilidade é parte constitutiva da história da maioria das nações, especialmente do Brasil e da América Latina, constituído desde sua gênese por distintos movimentos migratórios, tais como o nomadismo dos povos indígenas, o processo colonizador europeu, a diáspora forçada dos negros africanos, entre outros.
 
Com o fenômeno da globalização, houve a intensificação das conexões e relações em escala mundial, em uma multiplicidade de áreas da vida social, o que facilitou e até estimulou o processo migratório, principalmente diante da visibilidade dos países chamados “desenvolvidos” no cenário econômico internacional. No entanto, a partir de 2008, diante de nova crise do capitalismo internacional, estes países começaram a modificar suas legislações para restringir e dificultar ao máximo a entrada das constantes levas de imigrantes em suas fronteiras.
 
As regras impostas não só pretendem impedir a mobilidade populacional, mas também restringir os direitos sociais, civis e políticos dos imigrantes, limitando, por exemplo, o acesso à saúde, educação, trabalho e moradia. Estas restrições constituem grandes obstáculos para a idealização de políticas e ações migratórias condizentes com a promoção dos direitos humanos.
 
Geralmente, o migrante lança-se a novo(s) território(s) motivado pela busca de melhores condições de vida, tanto por conta das desigualdades sociais presentes em seu país de origem, quanto pela existência de conflitos armados, crise financeira ou ainda por catástrofes naturais, como é o caso do Haiti. 
O migrante vive num mundo onde a globalização dispensa fronteiras, muda parâmetros diariamente, ostenta luxos, esbanja informações, estimula consumos, gera sonhos, e, finalmente, cria expectativas de uma vida melhor. Mas na prática, este mundo de oportunidades acessível a todos, essa visão de um mundo sem fronteiras, de livre circulação e integração de povos e culturas, não passa de uma ideologia, que ao final do processo exclui as pessoas e privilegia a livre circulação de bens, serviços e mercadorias.
 
Em face disso, a Mesa Redonda sobre Imigração, Racismo e Interculturalidade na América Latina pretende discutir as inter-relações entre globalização e migração na contemporaneidade, com o intento de desvelar a aparente flexibilização global das fronteiras, desvelando suas contradições, exclusões e violações de direitos. 

Dia 10/10 na FURB. Maiores informações em www.furb.br/universidadeaberta

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