"Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo".
José Ortega y Gasset

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Bugres e Onças contra a civilização

B
ugres e onças é uma nota publicada no tomo III, numero 1 de janeiro de 1960 na Revista Blumenau em Cadernos. É uma fonte rica em informações, entre elas, para analisarmos as dificuldades encontradas pelos colonizadores na Colônia Blumenau, e os seus posicionamentos frente ao ambiente. Na nota, a narrativa deixa claro o posicionamento daquela sociedade sobre a natureza, apresentando ela como uma barreira para o progresso da civilização. Fica claro o posicionamento nessa frase: "Nos primeiros anos da colonização de Blumenau, os indígenas constituiram se numa constante ameaça à expansão civilizadora". Depois afirma " Não eram, porém, êles, os únicos entraves sérios ao estabelecimento dos imigrantes, afastados da sede colonial . Sem falar nas doenças de aclimatação, nos perigos das roçadas, onde a cascavél espreitava, traiçoeira, havia, ainda, as feras, de que eram abundantes as florestas ribeirinhas do grande e do pequeno Itajaí" Depois a nota enfatiza que um desses perigos eram as onças, e haviam das pintadas e das pretas! Pelas descrições, a onça estava sempre roubando algum rebanho para se alimentar, e no clímax da narrativa ocorre um ataque de onça, e os fatos descritos, demonstram o quanto era o medo, e o especismo em reação ao animal X indígena. Bugres e onças eram caçados igualmente, e suas orelhas e  peles eram as provas pelas recompensas econômicas, isso era uma política pública da colônia, dessa sociedade e sua civilização naquele momento histórico. Tanto que cita a preocupação de Dr. Blumenau em agrupar caçadores para "proteger" as pessoas ordenando a caçada da onça. Ocorria uma disputa de território, as suas "feras", os indígenas e as onças, e os novos moradores da floresta, cada qual de sua maneira dependia do domínio e uso dos "recursos naturais".  Leia a seguir o acontecimento descrito na nota, sobre o ataque de onça causado ao imigrante irlandês Comélio Murphy, quando trabalhava na expansão da colonização na Itoupava Central em 1879. Caso queira acessar a revista onde está publicada a nota, acesse aqui.
























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