"Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo".
José Ortega y Gasset

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Bolsistas e pesquisador do GPHAVI aprovam trabalhos no XIV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA - ANPUH-SC

Após a realização de iniciações científicas, com a finalidade da divulgação científica e para sua análise pela comunidade de historiadores, os acadêmicos de História Vitoria Abreu e Nicolas Voss Reis submeteram propostas de artigos científicos para o simpósio de História e Memória Ambiental do  XIV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA - ANPUH-SC, e tiveram suas intenções aprovadas. 

Vitoria Abreu está no GPHAVI desde 2009 e está em sua 3º Iniciação Científica. No evento vai apresentar os resultados obtidos na pesquisa PIPe (Art. 170 - Governo de Santa Catarina) realizada em 2011 que trata da exploração mineral em Botuverá-SC.

Memórias sobre a exploração mineral nas comunidades de Lageado Central e Ribeirão do Ouro em Botuverá-SC.

O município de Botuverá apresenta crescimento significativo na indústria da mineração, representando em torno de 65% da sua economia. Atualmente ocorre a exploração industrial e comercialização do calcário para corretivo de solo, brita e cimento. O município historicamente também se caracterizou pelo garimpo de ouro, e produção artesanal da cal, e ambas as atividades tiveram no século XX seu auge. Estas explorações concentram-se desde o século passado nas comunidades de Ribeirão do Ouro e Lageado Central, que estão no entorno da zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra do Itajaí. O artigo aborda o tema das relações entre a sociedade e natureza. O objetivo foi compreender a História Ambiental das comunidades de Ribeirão do Ouro e de Lageado Central que se destacam histórica e economicamente desde o século XX na mineração de calcário e garimpo de ouro. Foi realizada coleta de dados em fontes primárias com observações “in locu”, e através de entrevistas usando o método da História Oral. Também foram analisadas fontes secundárias, com uma revisão de bibliografia. Os dados foram confrontados e organizados cronologicamente. A exploração da cal representou uma mudança socioeconômica. Com as entrevistas foi possível constatar que a exploração da natureza era feita de forma desenfreada e sem preocupação alguma. Neste sentido foi realizada a mineração do ouro, que era feita no rio, e não existia a preocupação com a água ou no seu curso natural. Com o calcário o mesmo ocorre, e a exploração modificou consideravelmente a paisagem.

Já Nicolas Voss Reis, integrante desde ano passado, entrou na Iniciação Científica no meio de um projeto e com exito o desenvolveu. Nicolas foi bolsista pelo PIPe (Art. 170 - Governo de Santa Catarina) de 2011, e vai apresentar o seguinte estudo:

Memórias sobre o uso dos recursos naturais na bacia hidrográfica do rio Sagrado – Morretes – PR.

Foram realizadas entre 2010 e 2012 pesquisas com a temática da História Ambiental nas comunidades de Rio Sagrado de Cima, Canhembora, Brejumirim e Candonga, microbacia hidrográfica do Rio Sagrado, município de Morretes - Paraná. A área da bacia pertence à Área de Preservação Ambiental de Guaratuba, que é uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável Estadual. O objetivo do presente artigo é apresentar os resultados das pesquisas descrevendo o processo histórico de ocupação humana e uso dos recursos naturais na região das comunidades através da abordagem da história ambiental. Com fonte de pesquisa foi feito levantamento e análise de referencial teórico da História Ambiental, assim como documentos bibliográficos sobre a área de estudo. Também foram coletadas as memórias ambientais dos moradores antigos dessas comunidades através do método da história oral. Os dados coletados foram confrontados, analisados, organizados temporalmente. Os primeiros habitantes da região das comunidades foram os índios tupis-guaranis e os carijós, que tiveram os contatos com os colonizadores, sendo esses, primeiro os portugueses e depois os espanhóis, os quais determinaram o modelo de desenvolvimento econômico explorando recursos naturais. A ocupação efetiva da microbacia começa no século XIX, com levas de imigrantes alemães e italianos que se inserem na região em função e em sincronia dos ciclos econômicos regionais. O resultado desse processo foi a devastação da floresta e alteração da paisagem.  Hoje na região existem 520 famílias, destas 270 são residentes, predominando pequenos proprietários rurais.

Na ocasião, os pesquisadores Martin Stabel Garrote, Vanessa Dambrowski e Gilberto Friedenreich dos Santos vão apresentar artigo que conta a história do Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí, e das experiências em pesquisas de campo, no qual com o uso da História Oral coletou-se Histórias de Vida e Memória Ambiental no entorno do Parque Nacional de Serra do Itajaí-SC

A memória ambiental em pesquisas de história: experiências no entorno do Parque Nacional da Serra do Itajaí – SC.

O Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí (GPHAVI) iniciou em 2004, na Universidade Regional de Blumenau – SC, pesquisas com o viés da História Ambiental sobre o Parque Nacional da Serra do Itajaí. Em treze pesquisas realizadas entre 2004 e 2012, utilizou-se o método de História Oral com o objetivo de estudar a Memória Ambiental sobre os modos de vida e suas interações com o ambiente na história das comunidades localizadas no entorno do Parque. Neste trabalho serão comentadas experiências realizadas nas pesquisas efetuadas na área do Parque, avaliando o papel da memória ambiental na compreensão da história das comunidades e nas transformações do ambiente da região do Parque Nacional. Utilizou-se como fonte os relatórios de pesquisas e produção científica publicados pelo grupo, assim como o acervo de transcrições de entrevistas. Os dados foram selecionados e compilados a fim de identificar narrativas / informações que contribuem para a descrição histórica do ambiente onde se inserem as comunidades, apontando algumas contribuições da memória ambiental como fonte para a História Ambiental. Construir a História Ambiental é um projeto que requer do pesquisador a união de diferentes metodologias, porém sem dúvida, a Memória Ambiental, captada via História Oral, contribui de maneira significativa para que possamos ter representações e percepções sobre as transformações do ambiente. Os moradores antigos das comunidades relatam suas memórias, que informam sobre o uso dos recursos naturais, configurações e transformações do ambiente no processo de interações antrópicas com a floresta da região. 


O evento ocorrerá na Universidade do Estado de santo Catarina - UDESC, em Florianópolis entre 29 e 22 de agosto. Para saber mais sobre o evento acesse:
http://www.anpuh-sc.org.br/encontro_estadual_2012.htm



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